Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
Continua após publicidade

O adjetivo ‘massivo’ existe?

“Encontro o tempo todo na mídia, até mesmo na companhia de assinaturas ilustres, a palavra ‘massivo’; constato, contudo, que esta simplesmente não existe nos dicionários. O que está acontecendo? Um complô para a criação de uma palavra que nunca existiu?” (Pedro Gadelha) O que está acontecendo, Pedro, é a importação de uma palavra que, tudo […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 05h02 - Publicado em 7 nov 2013, 11h36
  • Seguir materia Seguindo materia
  • “Encontro o tempo todo na mídia, até mesmo na companhia de assinaturas ilustres, a palavra ‘massivo’; constato, contudo, que esta simplesmente não existe nos dicionários. O que está acontecendo? Um complô para a criação de uma palavra que nunca existiu?” (Pedro Gadelha)

    O que está acontecendo, Pedro, é a importação de uma palavra que, tudo indica, os dicionários serão forçados a chancelar em breve. Vamos deixar de lado por um instante a questão da necessidade – ou gratuidade – dessa importação para examinar o processo em si.

    É provável que o adjetivo massivo seja um anglicismo, uma aclimatação de massive, vocábulo do idioma de Miley Cyrus. Se digo que isso é provável, e não certo, é porque também seria possível buscar sua origem no francês massif – que, diga-se de passagem, é a matriz do massive inglês. No entanto, a geopolítica linguística de nossa época aponta mesmo para um anglicismo.

    Massive, já se vê, é um descendente do latim massa, isto é, “monte, o todo, a totalidade”. Em português, derivamos da mesma raiz latina um adjetivo que existe desde o século XIV: maciço. Em todas as suas acepções, maciço é a tradução perfeita de massive.

    Em tese, o fato de termos um vocábulo como maciço nos dispensaria de importar massive. Gostemos disso ou não, porém, a existência de boas alternativas vernaculares não impede idioma nenhum de acolher palavras estrangeiras. As razões para isso são variadas e muitas vezes imponderáveis. Quaisquer que sejam elas neste caso, parece estar em curso um processo de encolhimento do sentido de maciço.

    Continua após a publicidade

    Na acepção de “feito de matéria compacta; sem partes ocas, nem agregadas”, nenhum falante de português substituiria maciço por massivo. Não ainda, pelo menos. Diz-se que uma corrente é de ouro maciço, não massivo. No entanto, em outras acepções – como “encorpado, massudo; produzido em grande quantidade; intenso; que concerne a um grande número de pessoas” –, o estrangeirismo está fazendo carreira. Trata-se de uma constatação e não de um juízo de valor.

    O fato de massivo frequentar com desenvoltura textos de bons jornalistas, como aponta o leitor, é significativo. Parece provável que nossos principais dicionários venham a lhe abrir as portas em breve. O “Dicionário de usos do português do Brasil”, de Francisco S. Borba, já o fez.

    *

    Envie sua dúvida sobre palavra, expressão, dito popular, gramática etc. Às segundas e quintas-feiras o colunista responde ao leitor na seção Consultório. E-mail: sobrepalavras@todoprosa.com.br

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.