Futebol é isso
Quando ganhou seu primeiro registro em nossa língua, em 1889, a palavra futebol era escrita de uma forma esquisita, foot-boll, que deixava entrever quase perfeitamente o original football, termo nascido, como o próprio jogo, na Inglaterra. Foi só no início dos anos 1930, segundo o Houaiss, que surgiu a grafia aportuguesada futebol, destinada a prevalecer […]
Quando ganhou seu primeiro registro em nossa língua, em 1889, a palavra futebol era escrita de uma forma esquisita, foot-boll, que deixava entrever quase perfeitamente o original football, termo nascido, como o próprio jogo, na Inglaterra.
Foi só no início dos anos 1930, segundo o Houaiss, que surgiu a grafia aportuguesada futebol, destinada a prevalecer – sorte nossa – sobre os neologismos propostos pelos puristas para batizar o esporte que àquela altura tinha virado uma coqueluche nacional: balípodo e podosfera, palavras construídas de forma erudita sobre as ideias de pé (foot) e bola (ball), e ludopédio, que junta ao pé a noção de jogo.
Talvez por acaso, mas provavelmente não, a grafia definitiva de futebol surgiu justamente na época em que o já veterano Arthur Friedenreich e o ainda jovem Leônidas da Silva, entre outros, tratavam de abrasileirar também dentro de campo um jogo destinado a ter cada vez menos ângulos retos.
Houve quem sentisse a necessidade de inventar um nome específico para aquele novo estilo de jogar bola, vistoso, sinuoso e improvisado, criando então o termo composto futebol-arte.
Funciona. O que fizeram Ronaldinho Gaúcho e Neymar no Santos 4 x 5 Flamengo de quarta-feira, a melhor partida do futebol brasileiro em muitos anos, não deve nada a forma de arte nenhuma.
Mas a palavra da semana em homenagem a esses dois gênios da bola é futebol, só. Adornos verbais são supérfluos quando se tem a pura essência.