Felipão, Diego Costa e os patriotas
Diego Costa comemora um gol do Atlético de Madrid (Javier Soriano/AFP) Felipão, o vistoso patriota, que no entanto já foi treinador da seleção de Portugal, ficou muito aborrecido com a opção do sergipano Diego Costa, o suposto apatriota – sim, esta palavra existe, embora seja pouco usada – de defender a seleção da Espanha. Assim […]
Felipão, o vistoso patriota, que no entanto já foi treinador da seleção de Portugal, ficou muito aborrecido com a opção do sergipano Diego Costa, o suposto apatriota – sim, esta palavra existe, embora seja pouco usada – de defender a seleção da Espanha.
Assim se desenrolou a polêmica esportiva da semana: depois que o técnico manifestou seu descontentamento com a recusa de Diego em aceitar a convocação para os próximos amistosos do Brasil, dizendo que ele “está dando as costas a um sonho de milhões”, coube à CBF endurecer ainda mais – e de modo grotescamente exaltado – o discurso contra o jogador do Atlético de Madrid.
O diretor jurídico da entidade, Carlos Eugênio Lopes, declarou o centroavante persona non grata na seleção e anunciou a disposição de “instaurar um procedimento no Ministério da Justiça, pedindo a perda da cidadania brasileira, que Diego Costa repudiou”.
Surpreendeu-se quem, como eu, julgava sepultada juntamente com a ditadura militar essa confusão marota de patriotismo com interesses profissionais e esportivos. Diego Costa fez toda a sua carreira na Espanha.
Patriota é uma palavra do século XIX, derivada do grego patriotes por meio do latim tardio patriota. Os vocábulos originais, porém, tinham apenas o sentido de “compatriota, aquele que é da mesma pátria”.
Segundo o filólogo brasileiro Antenor Nascentes, o sentido atual da palavra – de “amigo, amante, servidor fiel da pátria” – é uma herança do francês patriote, língua na qual nasceu tal acepção.