Do mercenário grego ao ladrão dos cofres públicos
A palavra que deu origem ao termo ladrão, o latim latro/latronis, foi importada do grego com um sentido diferente: o de soldado mercenário, ou seja, aquele que não devia lealdade a nenhum senhor, mas estava disposto a matar e saquear por quem lhe pagasse mais. O caráter nefasto de tais indivíduos acabou por gerar no […]
A palavra que deu origem ao termo ladrão, o latim latro/latronis, foi importada do grego com um sentido diferente: o de soldado mercenário, ou seja, aquele que não devia lealdade a nenhum senhor, mas estava disposto a matar e saquear por quem lhe pagasse mais.
O caráter nefasto de tais indivíduos acabou por gerar no próprio latim uma extensão semântica que logo abarcava os sentidos de “salteador, bandido, bandoleiro, ladrão, malvado” (Saraiva).
Quando a palavra chegou ao português, ainda no século 11, com a grafia ladrones, a memória do mercenário já estava perdida. O ladrão era então, como hoje, “aquele que furta, rouba, se apodera do alheio” (Houaiss).
De todo modo, é uma prova da sutil permanência de certas ideias que políticos ladrões sejam sobretudo os mercenários, aqueles que não devem lealdade a nenhuma ideologia, mas estão dispostos a engordar a base de apoio de quem lhes pague mais.