“Prezado Sr. Sérgio, gostaria de saber como se chama uma pessoa que nasce nos Emirados Árabes. Pode ser considerada apenas como árabe ou existe uma denominação específica para quem nasce lá? Muito obrigada.” (Ana Neves)
A consulta de Ana parece simples: afinal, qualquer bom dicionário traz todos os principais gentílicos do idioma, isto é, todos os nomes que designam quem nasce em determinado lugar ou aquilo que a ele é relativo, seja cidade, estado, região ou país. Certo?
Errado. O caso do nativo dos Emirados Árabes Unidos é, em grande medida, um ponto cego lexicográfico. Se é evidente que o genérico “árabe” não resolve a questão, calam-se a respeito do assunto os principais dicionários da língua portuguesa – e não apenas dela, pois algo parecido se dá pelo menos em inglês, francês e espanhol.
O fato de ter sido criada apenas em 1971, com tal nome, uma união composta por diversos emirados que até então eram protetorados britânicos, pode explicar a omissão. Isso não significa perdoá-la, claro, nem nos obriga a deixar Ana sem resposta.
A resposta é “emiradense”. Embora apareçam de vez em quando flutuações curiosas (sobretudo “árabe-emiradense” e “árabo-emiradense”), o nativo dos Emirados Árabes é chamado em português, de preferência, emiradense mesmo.
Encontrei a palavra apenas no Aulete eletrônico e no dicionário da editora Porto, de Portugal. No entanto, trata-se sem dúvida do vocábulo que a língua da vida real abraçou. Suas ocorrências na imprensa e em outros documentos parecem ser suficientemente numerosas para que as principais obras de referência lexicográfica tratem de registrá-lo em futuras edições.
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