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Sobre Palavras Por Sérgio Rodrigues Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Como nasceu a expressão ‘para inglês ver’?

“Qual a origem da expressão ‘isso é para inglês ver’? Agradeço desde já. Abraços.” (Kalina Santos) Não existe uma explicação acima de controvérsia para a conhecidíssima expressão “para inglês ver”, cujo sentido o Houaiss define como “para efeito de aparência, sem validez”. A mais aceita, e que me parece também a mais plausível, é a […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 04h26 - Publicado em 17 fev 2014, 16h16
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  • “Qual a origem da expressão ‘isso é para inglês ver’? Agradeço desde já. Abraços.” (Kalina Santos)

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    Não existe uma explicação acima de controvérsia para a conhecidíssima expressão “para inglês ver”, cujo sentido o Houaiss define como “para efeito de aparência, sem validez”. A mais aceita, e que me parece também a mais plausível, é a que apresentou o filólogo João Ribeiro em seu livro “A língua nacional”: no tempo do Império, as autoridades brasileiras, fingindo que cediam às pressões da Inglaterra, tomaram providências de mentirinha para combater o tráfico de escravos africanos – um combate que nunca houve, que era encenado apenas “para inglês ver”. O sentido da expressão nesse contexto é exatamente o mesmo que ela tem até hoje.

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    Em seu “Tesouro da fraseologia brasileira”, Antenor Nascentes enumera outras teses. Uma delas (de Mário Sette) diz respeito aos trajes de linho que os ingleses usavam em Pernambuco, diferentes dos de casimira preferidos pela população local – o que levava certos brasileiros gozadores, sempre que viam um nativo trajando linho, a dizer que ele só se vestia assim “para inglês ver”.

    Entre as teses enumeradas por Nascentes, a mais rica em detalhes – talvez rica demais para ser crível, mas o estudioso anota que Gilberto Freyre e Afonso Arinos lhe deram crédito – é apresentada por Pereira da Costa em seu “Vocabulário pernambucano”:

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    Tocando na Bahia na tarde de 22 de janeiro de 1808 a esquadra que conduzia de Lisboa para o Rio de Janeiro a fugitiva família real portuguesa, e não desembarcando ninguém pelo adiantado da hora, à noite, a geral iluminação da cidade, acompanhando-a em todas as suas sinuosidades, apresentava um deslumbrante aspecto. D. João, ao contemplar do tombadilho da nau capitânia tão belo espetáculo, exclama radiante de alegria, voltando-se para a gente da corte que o rodeava: ‘Está bem bom para o inglês ver’, indicando com um gesto o lugar em que fundeava a nau ‘Bedford’, da marinha de guerra britânica, sob a chefia do almirante Jervis, de comboio à frota real portuguesa.

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