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Sobre Palavras

Por Sérgio Rodrigues Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Aluno não quer dizer ‘sem luz’. Sem luz é quem diz isso

Monty Python na sala de aula: asneira tem fermento politicamente correto Aluno é uma palavra de origem latina que significa SEM LUZ. Pedagogicamente não deve ser mais utilizada, pois, segundo Paulo Freire, toda criança traz consigo uma bagagem, portanto ela não é um papel em branco onde o professor irá escrever novos conteúdos. O texto […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 05h19 - Publicado em 25 set 2013, 13h37
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    Monty Python na sala de aula: asneira tem fermento politicamente correto

    Aluno é uma palavra de origem latina que significa SEM LUZ. Pedagogicamente não deve ser mais utilizada, pois, segundo Paulo Freire, toda criança traz consigo uma bagagem, portanto ela não é um papel em branco onde o professor irá escrever novos conteúdos.

    O texto acima apareceu num fórum internético e foi considerado a melhor resposta à seguinte questão: “Qual é a origem da palavra aluno?”. Reproduzo-o aqui porque, com sua marra politicamente correta, ele dá uma boa ideia da razão pela qual essa velha e furadíssima lenda etimológica tem vivido um momento de ouro nos últimos anos, circulando pela internet – inclusive em sites supostamente respeitáveis – em formulações parecidas com esta, que transcrevo de forma literal:

    A palavra “aluno” tem origem no latim, onde ‘a’ corresponde a “ausente ou sem” e ‘luno’, que deriva da palavra ‘lumni’, significa “luz”. Portanto, aluno quer dizer sem luz, sem conhecimento.

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    Não é nada disso. Aluno veio do latim alumnus, “criança de peito, lactente, menino” e, por extensão de sentido, “discípulo”. O verbo ao qual se liga é alere, “fazer aumentar, nutrir, alimentar”. Uma consulta simples a qualquer dicionário etimológico resolveria a questão.

    Curiosamente, isso parece estar fora do alcance de muita gente envolvida em atividades pedagógicas, campo em que a asneira tem vicejado. O fermento que nutre a desinformação é ideológico: a falsa etimologia, afinal, denunciaria a visão estreita da pedagogia que se recusa a ver o estudante como um igual do professor, alguém que tem tanto a ensinar quanto a aprender, coisa e tal.

    O irônico é que, com professores assim, isso acaba sendo verdade, ainda que pelas razões erradas.

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