Às vezes a Palavra da Semana se impõe com veemência. Esses sombrios dias que viram a nomeação de Dunga para o comando técnico da seleção brasileira e a violenta nota oficial israelense que chama o Brasil de “anão diplomático” não poderiam ser sintetizados por outro vocábulo.
Anão, um termo do século XIV, é oriundo do latim nanus, este por sua vez um empréstimo do grego nánnos, de idêntico significado. Da mesma fonte saíram o francês nain, o italiano nano e o espanhol enano.
No espanhol antigo, o vocábulo também era nano. Ganhou um e inicial por provável influência do arcaico enatío, “feio, disforme”, segundo o filólogo Joan Corominas.
No caso do português, que até o século XV registrava a forma alternativa naão, o acréscimo do a nada teve de pejorativo. Nasceu, informa o Houaiss, com papel “protético”, ou seja, prepositivo.
A pureza da fonte latina é preservada no antepositivo “nano”, que pode ter tanto o sentido impreciso de “muito pequeno”, como na palavra nanocefalia, quanto o preciso de “um bilionésimo” (levando-se em conta a acepção brasileira de bilhão, não a internacional), como em nanossegundo.