A semana do macaco
A semana foi indiscutivelmente do macaco. Como todo mundo sabe, a história começou de forma relativamente simples, ainda que simbolicamente forte, quando Daniel Alves comeu a banana atirada em campo por um torcedor racista. Logo se complicou, porém, quando uma campanha orquestrada com requintes publicitários – e lances esquisitos de oportunismo comercial – veio na […]
A semana foi indiscutivelmente do macaco. Como todo mundo sabe, a história começou de forma relativamente simples, ainda que simbolicamente forte, quando Daniel Alves comeu a banana atirada em campo por um torcedor racista. Logo se complicou, porém, quando uma campanha orquestrada com requintes publicitários – e lances esquisitos de oportunismo comercial – veio na cola do gesto histórico do lateral da seleção brasileira.
Sobrou para o hashtag da tal campanha, #somostodosmacacos, que para muita gente nas redes sociais, com a indignação costumeira, seria um lamentável tiro pela culatra. Afinal, dizer darwinianamente que “somos todos macacos” desmoraliza o preconceito contra os negros, como foi a intenção, ou o reforça? Ainda que o desmoralize, o tom bem-humorado não seria inadequado para assunto tão sério?
Em minha opinião, o escracho do slogan é bem-vindo: com sua ousadia anárquica, antropofágica, combina com o gesto de Daniel Alves, e resta lamentar em todo o episódio apenas o oportunismo indiscutível da turma do oba-oba. Mas esta é só uma opinião entre as muitas que cruzaram ferozmente os ares esta semana, como bananas – de dinamite.
Fiquemos então com os fatos linguísticos: segundo os sábios, é muito provável que a palavra macaco tenha vindo da África, mas exatamente de que língua é matéria controversa. O “Dicionário Banto do Brasil”, de Nei Lopes, registra o quinguana (dialeto do suaíle) makako, o lingala (idioma banto falado na região do rio Congo) makako e o quicongo do oeste makaku.