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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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A defesa de Fuleco

Olá, eu sou Fuleco. Como meu nome indica, sou filho de dona Fuleira e seu Furreco. E se vocês acham que meus pais têm um problema sério de autoestima por terem passado adiante, metade cada um, nomes tão derrotistas, precisam conhecer meus avós. É uma estratégia de sobrevivência da família: ridicularize a si mesmo, deprecie-se, […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 07h18 - Publicado em 2 dez 2012, 09h01

Olá, eu sou Fuleco. Como meu nome indica, sou filho de dona Fuleira e seu Furreco. E se vocês acham que meus pais têm um problema sério de autoestima por terem passado adiante, metade cada um, nomes tão derrotistas, precisam conhecer meus avós. É uma estratégia de sobrevivência da família: ridicularize a si mesmo, deprecie-se, antes que os outros o façam.

Nós representamos, como se vê, a parte mais abobada e canhestra da alma brasileira. Foi lá que um cronista esportivo chamado Nelson Rodrigues encontrou as evidências de uma doença chamada “complexo de vira-lata”. Mas quem liga para esse sujeito, que, dizem, até já morreu? Eu estou vivo!

Vira-lata ou de raça, está na cara que eu não sou cachorro não. Sou um legítimo tatu-bola-do-casco-azul, criatura fofinha de uma linhagem que era esteticamente interessante, como traço, ali pela virada entre os anos setenta e oitenta do século passado. Antes que o mundo dos cartuns passasse por um monte de viradas de mesa: a sujeira do punk, a hiperestilização do mangá etc. Como sou chegado a me esconder dentro da carapaça, não estou nem aí para essas coisas. Meu sonho é contracenar com a Mônica.

Sou um filho legítimo da cultura brasileira, isso ninguém pode negar. Sim, eu sei que temos imensas reservas de talento, que um país que deu ao mundo o rabisco de Niemeyer, a música de Tom e a majestade de Pelé, que fatura tantos prêmios internacionais em festivais publicitários, poderia vestir sua Copa com roupas mais inteligentes, cosmopolitas, contemporâneas. O que também seria Brasil, mas uma parte diferente da que eu represento.

Acontece que para chegar a isso seria preciso acessar as tais reservas de talento. E não acessá-las, tropeçar nas próprias pernas, desperdiçar uma bela oportunidade, recusar a grandeza – vai dizer que isso não é mais Brasil ainda? No fim das contas, minha melhor defesa é que componho com a bola Brazuca e aquela logomarca das mãozinhas alienígenas um trio coeso. União é fundamental nessa hora, e entrosamento não falta ao time de comunicação da Copa do Mundo 2014: difícil dizer qual de nós três é mais abobado e canhestro. Todos juntos, vamos!

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