O expressivo adjetivo “bizarro” passa por uma onda de revalorização no português brasileiro, talvez impulsionado pelas notícias bizarras – ou seja, extravagantes, estranhas, incomuns, de difícil explicação – que se tornaram uma editoria de grande visitação na maior parte dos portais eletrônicos. É uma palavra que está na boca dos jovens, o que deve lhe garantir vida longa.
Bizarramente, o termo “bizarro” desembarcou em nossa língua no século XVI com um sentido bem diferente, hoje em desuso. Bizarro queria dizer – como também no espanhol, onde fomos buscar a palavra – garboso, fogoso, valente, elegante, gentil ou nobre.
Foi no francês bizarre que se consolidou desde cedo, por caminhos obscuros, o significado de “muito estranho” que acabaria exportado para o inglês e, no fim das contas, também para o português e o espanhol.
Claro que os puristas tentaram banir esse uso. “Galicismo semântico!”, acusaram, propondo em seu lugar o emprego de sinônimos vernaculares como “extravagante, desusado”. Perderam, claro, pois o movimento da história estava contra eles. Hoje, se não fosse a acepção nascida na França, é provável que “bizarro” tivesse se tornado entre nós uma palavra de museu.
Não é apenas nas variações de sentido que o adjetivo “bizarro” confunde os etimologistas. Sua origem também não é pacífica, com duas teses disputando a preferência dos estudiosos: a dominante é a de que nasceu no italiano bizzarro, que quer dizer “colérico”, isto é, cheio de bizza, “cólera”; mas há também a história de que poderia ter surgido no francês a partir do basco bizar, “barba”, com a explicação de que soldados espanhóis barbudos pareciam estranhos aos franceses.
É ou não é bizarra a etimologia?