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Política com Ciência

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Os três erros de Carlos Bolsonaro

O vereador Carlos Bolsonaro usa, de modo primitivo, imagens toscas para pintar Alckmin como esquerdista

Por Sérgio Praça Atualizado em 4 jun 2024, 16h48 - Publicado em 26 dez 2017, 17h49
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  • Geraldo Alckmin (PSDB) é de esquerda? Sim, acredita Carlos Bolsonaro (PSC), vereador no Rio de Janeiro e filho do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC, por enquanto). O político divulgou ontem, em seu perfil no Twitter, um vídeo de apoio do tucano ao movimento “Diversidade Tucana”, parabenizando seus organizadores por conseguirem status de secretaria no PSDB. Bolsonaro, o filho, acompanhou o vídeo com esta frase: “Esse é o candidato que querem induzi-lo (sic) a acreditar que é de ‘centro-direita’, que a mídia diz que ganhará as eleições de 2018”. O vídeo intercala a fala de Alckmin com imagens de passeatas pró-LGBT como a de um homem beijando Jesus na boca.

    Ao postar isso, Carlos Bolsonaro revela primitivismo em três arenas. A primeira é de dar excessiva importância a uma declaração insossa, banal, sobre um movimento partidário irrelevante. O “Diversidade Tucana” defende, em seu site, a ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Valois, até poucos dias atrás filiada ao PSDB. É a ministra que comparou o teto salarial dos funcionários públicos (cerca de R$ 30 mil) ao trabalho escravo, pois não lhe foi permitido acumular o salário de ministra com o de juíza aposentada.

    A segunda coisa primitiva é colocar imagens “gráficas” para ilustrar o que o tucano diz. Ilustração boba. Alckmin nem de longe pode ser considerado progressista em direitos humanos. Apesar de seu governo ter uma Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual, o tema é raramente mencionado pelo governador. E a violência da Polícia Militar comandada por Alckmin torna risível qualquer associação a algo como cidadania plena.

    Finalmente, o primitivismo do filho de Bolsonaro está também em considerar este tema, de direitos LGBT, como importante para destacar na campanha contra Alckmin. O tema é obviamente importante para que haja plenos direitos humanos, mas nem de longe é uma das principais preocupações do eleitor médio no Brasil. Para usar um termo do cientista político Ronald Inglehart, estamos muito menos preocupados com questões “pós-materialistas” – como meio ambiente, direitos humanos etc – do que com questões “materialistas” como a distribuição de renda. Neste ponto, os movimentos de renovação política como Acredito e Agora! são mais espertos do que a família Bolsonaro. Sabem que muitos brasileiros querem o básico: bons serviços públicos em troca dos impostos que pagam e menos desigualdade. Com postagens assim, Carlos Bolsonaro não aproximará seu pai do eleitor médio. Receita certa para o fracasso ano que vem.

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