Incerteza política, chantagem parlamentar e o impeachment
Celso Russomanno (PRB) é do partido que controla o Ministério do Esporte, mas quer mais – senão deixa a base de apoio ao governo.Os deputados do Partido Progressista (PP), que já teve Paulo Maluf como dono, controlam o Ministério da Integração Nacional, mas estão insatisfeitos. Também ameaçam deixar de apoiar Dilma. O PDT, por sua […]
Celso Russomanno (PRB) é do partido que controla o Ministério do Esporte, mas quer mais – senão deixa a base de apoio ao governo.Os deputados do Partido Progressista (PP), que já teve Paulo Maluf como dono, controlam o Ministério da Integração Nacional, mas estão insatisfeitos. Também ameaçam deixar de apoiar Dilma. O PDT, por sua vez, deslocado do Ministério do Trabalho para o Ministério das Comunicações, reclama mais espaço no segundo escalão.
Toda essa insatisfação tem como pano de fundo a reforma ministerial que deu mais poder ao PMDB. Se isso pode explicar a reclamação de outros partidos, não explica por que ela está se tornando pública. Acordos políticos podem ser privados ou públicos.
Quando Russomano afirma à imprensa que pensa em tirar seu partido do governo, está tornando pública uma negociação privada. Por que faz isso? Porque a incerteza política é gigantesca. Em outras palavras: o governo Dilma não consegue mais firmar acordos críveis com os partidos que a apoiariam. Isso é resultado de meses de negociações amadoras.
Com isso, partidos como PP, PRB e PDT sinalizam que podem apoiar o processo de impeachment. Afinal, ao dizer que não são contemplados com os cargos que mereceriam, têm uma boa desculpa para entregar seus ministérios e deixar o governo afundar sozinho (algo que se torna mais possível a cada dia).
Resumindo: para analisar a distribuição partidária de cargos de confiança, como eu e vários colegas temos feito nos últimos anos, é fundamental levar em conta a incerteza do cenário político – e, portanto, a impossibilidade de partidos pequenos firmarem acordos críveis tanto com a oposição quanto com o governo. Resta esperar.
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