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Santander deve reembolsar governo com verba de exposição

Mostra foi encerrada um mês antes após protestos. Por isso, banco planeja ressarcir os cofres públicos

Por Paula Sperb
Atualizado em 12 set 2017, 15h33 - Publicado em 12 set 2017, 11h44
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  • Por ter sido encerrada um mês antes do previsto, o Santander vai devolver ao governo a verba captada pela Lei Rouanet para a mostra “Queermuseu”, em Porto Alegre. A exposição sobre diversidade e temática LGBT foi fechada após críticas de grupos, incluindo o Movimento Brasil Livre (MBL).

    Com a Lei Rouanet, o Santander deixa de pagar impostos à Receita Federal e destina a verba ao segmento cultural. Para a exposição, o Santander destinou 800.000 reais. O banco estuda uma forma de devolver o valor ao governo. A lei federal de incentivo à cultura surgiu em 1991, quando tinha o nome de Programa Nacional de Apoio à Cultura (Pronac), na gestão do presidente Fernando Collor.

    O MBL alega que a exposição faz apologia da pedofilia e zoofilia. A coordenadora do MBL, Paula Cassol, não visitou a exposição e nega qualquer tipo de censura. Segundo o curador Gaudêncio Fidelis, o movimento divulgou imagens tiradas do contexto da exposição. São 263 obras no total, incluindo pinturas de Cândido Portinari e Alfredo Volpi, e pelo menos três são alvo de polêmica. “Não tem explicação a maneira como eles distorceram as obras, tirando de contexto. Eles pegaram um detalhe e dizem que é uma pintura. Não é, é uma parte”, disse Fidelis a VEJA . O movimento enxergou zoofilia na obra Cena de Interior II, de Adriana Varejão (ver abaixo). Um pedaço da pintura foi destacado e compartilhado nas redes sociais. “A pintura revela o processo destrutivo do colonialismo no Brasil, que envolve algumas questões de sexualidade”, explicou o curador à reportagem.

    “Ela mostra o avanço da pintura brasileira como manifestação crítica diante do processo de colonização do país. Trata-se de uma pintura que cobre um considerável território na confluência entre sexualidade e história, revirando (literalmente) as hierarquias de raça, influências, miscigenação”, diz o texto do catálogo da exposição.

    Exposição Queer Museu é suspensa após polêmica
    Exposição Queer Museu no Santander Cultural em Porto Alegre (RS) (Reprodução/Facebook)
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    Em nota, o Santander diz que está “comprometido com a promoção do debate sobre diversidade e inclusão, entre outros grandes temas contemporâneos” e pede desculpas aos grupos que se sentiram ofendidos.

    A obra que o MBL acusa de pedofilia é a que faz referência ao meme Criança Viada, conhecido e apreciado pela comunidade LGBT (imagem abaixo). ” Isso aqui é praticamente prostituição infantil”, diz um simpatizante dos movimentos contra a exposição em um vídeo que circula nas redes sociais. Porém, o significado atribuído pela curadoria é diferente. A obra Travesti da Lambada e Deusa das Águas, de 2013, de autoria de Bia Leite, “desmascara o preconceito e a homofobia através de uma iconografia da cultura pop”, diz a explicação do catálogo.

    Exposição Queermuseu é suspensa após polêmica
    Exposição Queer Museu no Santander Cultural em Porto Alegre (RS) (Reprodução/Facebook)
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    Risco de agressão

    Um dos motivos para o encerramento da mostra também seria as agressões causadas por integrantes do MBL aos visitantes do centro cultural e o risco de dano às obras. Segundo o curador, os visitantes eram xingados dentro das dependências do Santander Cultural. “Eles entravam aos gritos, abordando o público, crianças e adolescentes, dizendo coisa que eu não teria coragem de repetir aqui. É nível de fanatismo, loucura, sem precedentes”, relatou Fidelis a VEJA.

    Ministério Público

    A promotoria do Rio Grande do Sul visitou a mostra na última segunda-feira para averiguar qualquer irregularidade após os protestos do MBL que alegam exposição de crianças ao conteúdo da mostra.Os promotores de Justiça foram recebidos pelo vice-presidente executivo do Banco Santander, Alexandre D’Ambrosio; pelo superintender executivo, Luis Ricardo de Souza; pelo superintendente executivo Rede Sul, Paulo Rogério Souza Silva; e pelo coordenador geral do Santander Cultural, Carlos Eugênio Trevi.

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