Um dos caprichos de um traficante de drogas de Caxias do Sul, na Serra Gaúcha, é colecionar coroas. Uma delas, adornada por pedras e águias douradas, foi encomendada especialmente a um artesão de Buenos Aires, na Argentina. O objeto foi apreendido durante uma operação da Polícia Federal (PF) de combate ao tráfico internacional de drogas na manhã desta terça-feira. A investigação foi batizada em referência aos adereços: Operação Coroa.
O traficante, cujo nome a polícia não divulgou, foi preso preventivamente em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. Ele é ligado a um dos maiores narcotraficantes da América Latina, Jarvis Chimenes Pavão, que está detido em Assunção, no Paraguai. Da cadeia no país vizinho, Pavão continua comandando o tráfico de drogas para o Brasil. “Ele é com certeza o maior fornecedor de cocaína para o Rio Grande do Sul”, disse Roger Soares Cardoso, chefe da delegacia de repressão a drogas da PF, em coletiva de imprensa.
Em doze meses, o grupo ligado a Pavão carregou cerca de uma tonelada de cocaína para a Serra Gaúcha. A droga era escondida em compartimentos secretos de carros de luxo. Cada carregamento de cocaína chegava a render 500 mil reais aos traficantes. A Operação Coroa cumpriu sete mandados de prisão preventiva, nove mandados de busca e apreensão, sequestro de bens e bloqueio de contas bancárias dos traficantes.
“Grande parte do PIB gaúcho está aqui dentro [na Serra Gaúcha]. Onde tem dinheiro, tem droga. É uma cidade rica e uma cidade grande [Caxias do Sul]”, disse o delegado.
Pavão é processado por denúncias que resultaram de quatro operações da PF do Rio Grande do Sul e três processos para sua extradição estão em tramitação. Recentemente, autoridades paraguaias descobriram um plano para retirá-lo da cadeia. A Embaixada dos Estados Unidos chegou a doar muretas para proteger o presídio e guaritas são protegidas por atiradores.