Líderes são alvos preferidos no último debate entre candidatos gaúchos
Debate ocorreu nesta quarta-feira por causa de exibição do jogo do Grêmio na noite anterior
No último debate entre os candidatos ao governo do Rio Grande do Sul antes da votação de domingo, os alvos preferenciais foram os líderes das pesquisas eleitorais, Eduardo Leite (PSDB) e José Ivo Sartori (MDB). O ex-prefeito de Pelotas e o atual governador chegaram a trocar acusações mútuas.
O debate da RBS TV, afiliada da Globo, ocorreu na noite desta quarta-feira (3), porque na véspera os gaúchos assistiram à transmissão do jogo do Grêmio, na Libertadores. Nos demais estados, o debate estadual ocorreu na terça-feira.
Sartori chamou Leite de “eleitoreiro” por ter “ficado junto com o PT” ao se posicionar contrariamente a um plebiscito para privatizar estatais simultaneamente às eleições. Leite devolveu a acusação, dizendo que “eleitoreira” foi a posição do governador ao “forçar” um plebiscito em período eleitoral. “O Brasil nunca fez um plebiscito dentro das eleições, essa seria pela primeira vez”, disse o tucano.
Os candidatos Miguel Rossetto (PT) e Jairo Jorge (PDT), em terceiro e quarto lugar na última pesquisa Ibope, respectivamente, têm poucos dias para tentar crescer e chegar ao segundo turno. Por isso, optaram por explorar pontos polêmicos das gestões de Sartori, no estado, e Leite, na prefeitura de Pelotas. O candidato Roberto Robaina (Psol) seguiu a mesma linha. Julio Flores (PSTU), Mateus Bandeira (Novo) e Paulo Medeiros (PCO) ficaram de fora do debate conforme o critério da legislação eleitoral.
Já na primeira pergunta, Rossetto explorou a propaganda de Sartori que usa o slogan “o gringo tá certo” — o termo se refere a moradores do interior do estado que descendem de imigrantes italianos, como Sartori. “Com 500.000 desempregados, como pode estar certo? Com hospitais fechados, professores sem receber em dia, menos policiais, pode estar certo?”, provocou Rossetto. Ministro nos governos petistas, Rossetto citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) e sua vice, Manuela D’Ávila (PCdoB), que acompanhou Rossetto no debate.
O governador respondeu que criou um “ambiente favorável” para renegociar a dívida do estado e cobrou autocrítica do PT, partido do seu antecessor, Tarso Genro, a quem direcionou a responsabilidade sobre a crise do estado. Rossetto foi o único a defender uma candidatura presidencial (a de Haddad). Também criticou Jair Bolsonaro (PSL) e parabenizou as mulheres que fizeram o protesto #EleNão.
Jairo questionou Leite sobre a polêmica que envolve exames de câncer em mulheres, que teriam sido feitos por amostragem por um laboratório terceirizado, colocando em risco a saúde das pacientes atendidas pela prefeitura de Pelotas. “Os candidatos querem atacar quem lidera”, respondeu Leite. O caso é investigado pelo Ministério Público, ainda sem desfecho. Robaina também questionou Leite sobre os exames. “Tu tem que parar de tirar o corpo fora como teu líder político Aécio Neves”, disse o candidato do Psol.
Além do senador Aécio Neves, que figurou em escândalos recentes, outra figura nacional citada no debate foi o atual presidente Michel Temer (MDB). Temer foi citado por Rossetto ao criticar Sartori, ao ser questionado pelo governador sobre seu plano para desenvolvimento econômico. “Meu plano é de crescimento econômico, diferentemente do seu plano, o (mesmo) de Temer”, falou o petista.
Tentando a reeleição, Sartori defendeu o regime de recuperação fiscal como saída para a crise do estado. Pelo regime, o estado deixa de pagar a dívida com a União por três anos, economizando 11 bilhões de reais. O projeto é criticado pelos seus oponentes porque a dívida continua crescendo nesse período, aumentando o endividamento.
No quarto bloco, o último antes das considerações finais, Jairo perguntou a Sartori sobre geração de emprego. O governador respondeu citando como exemplo a instalação de unidades das lojas Havan, que devem chegar ao estado. “A própria Havan está vindo para o Rio Grande do Sul”, disse Sartori.
O empresário Luciano Hang, dono da rede, coagiu funcionários para que votassem em Bolsonaro para não perderem seus empregos. Nesta quarta, a Justiça do Trabalho determinou que Hang grave um vídeo para as redes sociais afirmando que os funcionários têm direito de escolher “livremente” seus candidatos. Caso não cumpra a decisão, a multa é de 500.000 reais por dia.