O governador mais jovem do país, Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, defendeu na manhã desta segunda-feira, 7, que o seu partido abra um processo na comissão de ética em relação ao escândalo envolvendo o senador Aécio Neves. Leite é visto como um quadro capaz de colaborar com a renovação do PSDB.
“No mínimo tem que abrir um processo dentro da comissão de ética, é necessário. Aí o resultado não sou eu quem tem que definir, é essa comissão. Mas simplesmente não haver qualquer discussão… isso é claro que incomoda a mim e afastou o partido do sentimento das ruas, disse Leite.
A declaração do governador gaúcho foi dada em entrevista ao canal Globo News. Áudios divulgados em 2017 mostravam Aécio pedindo dois milhões de reais Joesley Batista, presidente da JBS, atualmente em prisão domiciliar. Para fazer a entrega do dinheiro, Aécio chegou a dizer que “tem que ser um que a gente mata eles antes dele fazer delação”. O político foi candidato a presidente em 2014 e se elegeu deputado federal por Minas Gerais nas últimas eleições.
“As denúncias que envolveram o senador Aécio Neves são muito graves. Eu particularmente acho que o partido vai ter que fazer uma revisão, um debate interno muito forte sobre sua forma de condução de casos que envolvam seus quadros políticos com denúncias tão graves como essa. Acho que precisamos, sim, discutir a saída do partido de agentes políticos que tenham denúncias tão graves como a de Aécio Neves, que frustrou as expectativas do Brasil”, disse Leite ao canal.
“Frustrou a mim pessoalmente e a tantos brasileiros que acreditaram lá em 2014 que ele era algo muito do diferente do que tinha disponível no outro lado. Isso gerou uma frustração enorme na população e o partido não pode fechar os olhos e jogar para debaixo do tapete. Tem que tomar providências em relação a desvios de comportamento ético dos quadros, seja quem quer que seja”, acrescentou o governador.
Bolsonaro
Leite afirmou que apoia a agenda econômico do novo governo federal, mas não compactua com a visão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) em temas sociais e de comportamento.
“O que a gente não pode é esquecer o programa do PSDB, apoiamos reformas da economia, mas não me afasto da minha definição do que deve ser a o papel do estado na proteção social em áreas como a cultura, em respeito à diversidade, respeito às pessoas, todos os seres humanos. Todas essas questões comportamentais, mantenho a minha posição. O alinhamento para ajudar o Brasil na questão economia não significa aderir a outras ideias que não correspondem a minha visão d emundo e que acredito que deve ser a visão de mundo de um partido socialdemocrata”, falou.
Banrisul
O governador também voltou a afirmar que não irá privatizar o Banrisul, banco do estado, para aderir ao regime de recuperação fiscal da União.
“O Banco do Estado do Rio Grande do Sul não é um problema para o estado. Ele tem tido superávits, tem fechado o ano com lucro líquido que dá razão à sua existência e também importante para a economia do estado. Se a privatização do banco resolvesse, aí não seria o caso de entrar no regime de recuperação fiscal, resolveria com a própria privatização do banco. Entendemos que é possível, sim, aderir ao regime de recuperação fiscal sem colocar o banco como uma peça na negociação”, disse.