Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana

Rio Grande do Sul

Por Veja correspondentes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre
Continua após publicidade

Justiça impede censura de peça com transexual no papel de Jesus

A exibição de 'O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu', censurada em Jundiaí (SP), integra o 24º Porto Alegre em Cena; juiz defende liberdade de expressão

Por Paula Sperb
Atualizado em 19 set 2017, 21h57 - Publicado em 19 set 2017, 21h20
  • Seguir materia Seguindo materia
  • O juiz José Antônio Coitinho, da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Porto Alegre, negou nesta terça-feira o pedido para censurar a exibição da peça teatral O Evangelho Segundo Jesus, Rainha do Céu durante a  programação do 24º Porto Alegre Em Cena, na capital gaúcha. A peça é um monólogo em que uma atriz transexual interpreta Jesus Cristo. O texto é de autoria da dramaturga Jo Clifford e sua exibição chegou a ser proibida em  Jundiaí (SP).

    “E, sem citar um único artigo de lei, vamos garantir a liberdade de expressão dos homens, das mulheres, da dramaturga transgênero e da travesti atriz, pelo mais simples e verdadeiro motivo: porque somos todos iguais”, determinou o juiz Coitinho na sua sentença.

    O magistrado afirma ainda no texto da decisão que “não se pode censurar a peça sob argumento de que estamos em desacordo com seu conteúdo. A liberdade de expressão tem de ser garantida e não cerceada – pelo Judiciário. Censurar arte é censurar pensamento e censurar pensamento é impedir desenvolvimento humano”.

    O pedido para proibir a exibição da peça foi movido pelo advogado Pedro Geraldo Cancian Lagomarcino Gomes contra a Prefeitura de Porto Alegre, que promove o festival, e contra a Pinacoteca Rubem Berta, onde a peça será apresentada nos dias 21 e 22 de setembro, às 22h. Entre os argumentos de Gomes, está a questão sexual e seu entendimento de que a peça “não é arte”. “Gostemos ou não, a famigerada peça é, sim, uma obra de arte”, afirma o magistrado na sua decisão.

    O juiz ainda afirma que “se a ideia [da peça] é de bom ou mau gosto, para mim ou para outra pessoa, pouco importa. Ao juiz é vedado proibir que cada ser humano expresse sua fé ou a falta desta da maneira que melhor lhe aprouver. Não lhe compete essa censura.” “A alegada questão da sexualidade de personagens, imaginada para o espetáculo, é absolutamente irrelevante. Transexual, heterossexual, homossexual, bissexual, constituem seres humanos idênticos na essência, não sendo minimamente sustentável a tese de que uma ou outra opção possa diminuir ou enobrecer quem quer que seja representado no teatro. (…) Defendemos a liberdade de escolher, de toda pessoa escolher, de acordo com sua evolução, o que fazer de sua vida, em todos os aspectos, mantido o respeito pelo seu semelhante”, escreveu o magistrado.

    Continua após a publicidade

     

    “Antes da estreia na capital gaúcha, já está aflorando paixões. Ódio, parece já ter despertado. O que melhor consistiria em arte do que a obra que toca, acaricia ou fere os sentimentos humanos? O ajuizamento da presente demanda e as angústias que vertem da inicial são a prova contundente de que, de arte, estamos a falar. Claro que, como tal, está sujeita a toda crítica e o processo judicial a critica duramente. Não estamos falando de encenação que será transmitida em televisão aberta. Tampouco em televisão a cabo. Nem em rádio serão ouvidas as falas dos artistas. Não vai invadir nossas casas e atormentar o imaginário de nossos filhos ou vilipendiar a moral dos idosos” argumenta Coitinho.

    O juiz relembrou ainda o assassinato de 12 pessoas, entre elas cinco  cartunistas do jornal francês Charlie Hebdo, em janeiro de 2015 – por muçulmanos que consideravam ofensivo o conteúdo das charges sobre Maomé e o Islã publicados pelo veículo – e encerrou seu texto afirmando: Je suis Charlie (Eu sou Charlie).

    Publicidade
    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    a partir de 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

    a partir de 39,96/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.