Filiado ao Progressistas (PP) há quinze anos, o deputado estadual Marcel van Hattem deixará a sigla para ingressar no partido Novo. Eleito pela primeira vez aos 18 anos para o mandato de vereador na sua cidade natal, Dois Irmãos, Van Hattem atua na Assembleia do Rio Grande do Sul. Agora, aos 32 anos, ele irá concorrer a deputado federal nas eleições de outubro. “Não existia o Novo quando entrei na política”, disse a VEJA, destacando que tem “afinidade total de ideias” com a nova sigla.
Van Hattem é um dos fundadores do Movimento Brasil Livre (MBL) no Rio Grande do Sul e liderou os movimentos pelo impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff no estado. Segundo ele, o MBL gaúcho “tem afinidade” e por isso deve apoiá-lo durante a campanha: “eles têm interesse em formar essa parceria”.
O parlamentar diz que “não quer ser confundido” com os casos de corrupção em que o PP está envolvido. “Se fosse eleito [deputado federal pelo PP], teria que passar pelo constrangimento de ser liderado por um presidente investigado na Lava Jato [Ciro Nogueira] e uma bancada que frequentemente é acusada, em grande parte, de negociar seus votos não por ideias, mas em troca de cargos. Não quero ser confundido com isso”, falou à reportagem.
Para o deputado, um “diferencial” do Novo é a recusa à verba pública do fundo partidário para financiar campanhas. No seu gabinete, o deputado conta que também contém gastos de dinheiro público. Ele devolve mensalmente cerca de 3.800 reais referentes ao reajuste nos salários dos deputados. Além disso, costuma usar menos de 30% da verba de gabinete à disposição dos parlamentares, no valor máximo de 14.000 reais, e evita as chamadas “diárias”, que custeiam viagens a trabalho.
O anúncio de sua saída do PP seria anunciado em plenário durante o expediente da última terça-feira (27). Porém, a estratégia desagradou o partido que convocou dois parlamentares (Van Hattem é suplente com 35.345 votos) que ocupavam cargos de secretários para retornar à casa para a votação de um projeto do interesse do governo de José Ivo Sartori (PMDB). Van Hattem, porém, diz que votaria a favor dos projetos. O movimento foi entendido como uma retaliação do PP. Apesar do episódio, van Hattem afirma que respeita as lideranças gaúchas do PP.
Os progressistas, até então aliados de Sartori, desembarcarão do governo até 15 de março para que possam defender uma candidatura própria ao Piratini. A convenção do PP está marcada para o dia 24 de março quando definirão quem disputará o governo. Nomes como o deputado federal Luis Carlos Heinze, o mais votado do RS, e o advogado Antônio Weck são os preferidos.