Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Rio Grande do Sul

Por Veja correspondentes Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Política, negócios, urbanismo e outros temas e personagens gaúchos. Por Paula Sperb, de Porto Alegre
Continua após publicidade

Filho de Jango, deposto pela ditadura, pode disputar a Presidência

João Vicente Goulart (PPL), que viveu no exílio com o pai, minimiza divisão entre esquerda e direita, mas vê embate entre mercado financeiro e humanismo

Por Paula Sperb
Atualizado em 4 jun 2024, 20h18 - Publicado em 4 nov 2017, 15h37

O filho de João Goulart, conhecido como Jango, o presidente deposto pela ditadura militar em 1964, pode seguir os passos do pai e concorrer à Presidência em 2018. João Vicente Goulart, de 60 anos, que viveu no exílio no Uruguai com seu pai quando era criança, é filiado ao PPL (Partido Pátria Livre) e já foi deputado no Rio Grande do Sul. Gaúcho de São Borja, Jango morreu na Argentina, em 1976 – a família suspeita de envenenamento.

“Existe um movimento para isso [candidatura]. Seria positivo não apenas ir a reboque de outro partido, mas lançar um nome que pudesse a ajudar [a alavancar votos para superar a cláusula de barreira]. Existe essa cogitação, é isso que o partido está discutindo, debatendo. Os líderes regionais veem com muita possibilidade de ter um nome que possa puxar [votos] e atender à barreira eleitoral”, disse Goulart a VEJA. Ele é presidente do Instituto João Goulart ao lado da mãe, a ex-primeira-dama Maria Thereza Goulart, e concorreu ao Prêmio Jabuti neste ano pelo livro “Jango e Eu – Memórias de um Exílio sem Volta”.

Goulart encara a candidatura como missão política, não tanto como desejo pessoal: “No exílio, a gente se acostuma não com as coisas que a gente gosta. O exílio, que nos impôs a ditadura, nos obriga permanecer cientes da luta. Missão partidária a gente não discute, a gente cumpre”. Para o presidenciável, as pautas do PPL são semelhantes àquelas defendidas pelo seu pai quando sofreu o golpe militar. “Uma sociedade não pode ser vista apenas pelos índices econômicos usados comercialmente, precisamos olhar o índice de desenvolvimento humano. Quero que o lucro esteja a serviço do bem-estar social. Não só o lucro pelo lucro, nossa plataforma é o lucro social”, explicou.

joaovicente goulart
João Vicente Goulart, à frente de foto em que o pai está com o então presidente dos EUA, John Kennedy (Verônica Fialho Goulart, Facebook/Divulgação)

O filho de Jango não se vê como uma alternativa à esquerda, em um cenário em que a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), apesar de favorito nas pesquisas, segue incerta por causa de investigações por corrupção – ele já foi condenado a nove anos e meio de prisão em um processo da Lava Jato. “Não é questão de direita e de esquerda, nos dias de hoje, falamos em mercado financeiro ou humanismo. Esquerda e direita me lembra 1964, quando o mundo estava dividido em dois. Não tenho essa visão. É preciso um grande diálogo nacional e rever os índices de desenvolvimento humano. Evidentemente que nós temos o DNA do trabalhismo, não escondemos de ninguém. Em 2018 vamos ter pela frente uma grande discussão, que é perda dos direitos trabalhadores, que não foi uma conquista do PT, foi de Getúlio Vargas, de Jango e Leonel Brizola [todos os três ligados ao trabalhismo]. O que queremos é harmonia entre capital e trabalho”, disse.

Continua após a publicidade

O filho de Jango trocou o PDT pelo PPL neste ano depois que não recebeu apoio dos colegas da antiga sigla para barrar o cancelamento da construção do memorial ao seu pai no Distrito Federal (DF), onde vive. O memorial tem projeto de Oscar Niemeyer e foi cancelado pelo governador do DF, Rodrigo Rollemberg (PSB).

A ditadura militar no Brasil começou em 1964, quando o presidente João Goulart foi deposto e precisou se exilar no Uruguai. O gaúcho defendia o fortalecimento da economia do país através de indústrias nacionais, a reforma agrária e o combate ao analfabetismo. As medidas, reforçadas durante o histórico comício de Jango para 150 mil pessoas na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, tiveram como reação a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, em São Paulo, que condenava as medidas “comunistas” de Jango e acirrou o clima político. O complô militar contra Jango deu início ao período da ditadura, que durou 21 anos.

João Goulart
João Goulart e Maria Thereza, pais de João Vicente, em comício na Central do Brasil, no Rio (Divulgação/Divulgação)

Por pouco, Jango não assumiu a Presidência da República. Ele era vice-presidente em 1961 quando o presidente Jânio Quadros renunciou. Militares e deputados tentaram impedir sua posse, que só foi possível após a intensa “Campanha da Legalidade”, conduzida por Brizola, então governador do Rio Grande do Sul, que formou uma cadeia com mais de 100 rádios para denunciar e resistir ao golpe. Jango conseguiu assumir o cargo, mas precisou concordar com o parlamentarismo proposto pelos seus opositores – o sistema, no entanto, foi derrubado pela população após um plebiscito.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.