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‘Aprender a ouvir’, diz monja Coen sobre ser ‘zen’ nas redes

Sucesso no Youtube, a budista lança livro sobre depressão em Porto Alegre e faz palestra sobre ensinamentos de Buda

Por Paula Sperb
Atualizado em 22 set 2017, 12h16 - Publicado em 22 set 2017, 12h07

Engana-se quem pensa que monges budistas estão a salvo dos conflitos políticos e ideológicos que predominam nas redes sociais. De vez em quando, a monja Coen Roshi, de 70 anos, precisa lidar com algum comentário “pouco harmonioso” na sua página do Facebook. “Quando as pessoas colocam palavrões, mesmo que não seja para mim, eu apago. Não quero que haja palavras grosseiras no meu Facebook. Às vezes até concordo com a pessoa, mas a maneira é tão grosseira que perde a razão. Não tiro a pessoa, mas tiro o comentário. Sempre que comentam com palavras feias, eu vou tirar e esperar que ela se regenere e possa falar palavras adequadas”, contou Coen a VEJA.

Monja há 34 anos e sucesso no Youtube com o canal MOVA, ela lançará em Porto Alegre o livro O sofrimento é opcional – Como o zen budismo pode ajudar a lidar com a depressão (Bella Editora, 45 reais) no domingo, dia 24, às 15h, na Livraria Cultura do shopping Bourbon Country. No sábado, dia 23, ela fará uma palestra sobre os ensinamentos de Buda às 18h, no teatro da Amrigs, na capital gaúcha, para arrecadar fundos para melhorias na “ecovila” budista Vila Zen, em Viamão, cidade vizinha da capital gaúcha. Os ingressos estão esgotados.

Mesmo com os conflitos nas redes sociais, a monja garante que é possível ser “zen” na internet. “É preciso aprender a ouvir para entender. Nem todas as pessoas concordam conosco. A pessoa que se conhece não se sente ofendida pelos outros e não ofende ninguém”, aconselha. Para quem anda brigando demais por política ou futebol, Coen indica: “Se você ofende o outro, fortaleça-se! Você está fraquinho. O mundo e a mente humana têm inúmeras possibilidades, a sua não é necessariamente a melhor. Não precisa reafirmar o tempo todo que fez a escolha certa e os outros estão errados”.

Dados divulgados na última quinta pelo Ministério da Saúde apontam que o número de suicídios no Brasil aumentou 12% em quatro anos. De acordo com a pesquisa, em 2015 foram 11.736 suicídios ante 10.490 registrados em 2011. Para Coen, é necessário saber que os sofrimentos são passageiros. “Se você está passando por uma fase difícil, não pare. Atravesse o momento, nada é fixo ou permanente”, aconselha.

“A depressão pode ser passageira e leve, ou tornar -se crônica e pesada. Independentemente do nível, das condições, é uma realidade. Não é criação da mente ou preguiça; tampouco é má -vontade”, escreveu a monja no livro que tem prefácio do jornalista Heródoto Barbeiro. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), atualmente mais de 320 milhões de pessoas sofrem da doença de depressão. No Brasil, a doença afeta 11,5 milhões de indivíduos.

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Jovem rebelde

Antes de se tornar monja, Coen era uma jovem rebelde que também sofreu depressão e chegou a tentar suicídio. Nascida em São Paulo, foi mãe aos 17 anos, repórter de grandes jornais, usou drogas e chegou a conviver com Alice Cooper e David Bowie depois que se mudou para os Estados Unidos com o namorado, Em Los Angeles conheceu o budismo e fez seus votos monásticos em 1983. Naquele anos, entrou para o Mosteiro Feminino de Nagoya (Japão). Ela chegou a ser presa na Suécia por traficar LSD.

Coen mora no seu templo, a Comunidade Zen Budista Zendo Brasil, no bairro do Pacaembu (SP). O templo funciona na mesma casa onde passou a infância e a juventude.

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