Agentes brasileiros foram aos EUA pesquisar combate às fake news
Agência Brasileira de Inteligência (Abin), subordinada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI), traça política de segurança cibernética
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Westphalen Etchegoyen, afirmou nesta terça-feira 12, em Porto Alegre, que uma equipe Agência Brasileira de Inteligência (Abin) esteve em diversos países para pesquisar o combate a boatos na internet, as chamadas fake news, durante as eleições deste ano no Brasil.
Entre os países visitados pelos agentes brasileiros estão os Estados Unidos, onde a divulgação de fake news é investigada por ter relação com a eleição do presidente republicano Donald Trump sob a influência de países como a Rússia.
“Existem diversas formas [de combate às fake news] que estão sendo feitas. As mais importantes são também as mais simples, como informar os partidos, alertar. Recentemente [agentes da Abin] viajaram para estudar o que aconteceu na França, Alemanha e Estados Unidos. Uma equipe da Abin esteve nesses países aprendendo o que aconteceu lá para ver como [os países] reagiram, para ver o que deu certo e o que melhoraria no assunto [no Brasil]”, disse Etchegoyen a jornalistas antes de sua palestra na Associação Comercial de Porto Alegre (ACPA) – o ministro é gaúcho.
O ministro afirmou que também esteve nesses países, em uma viagem diferente, com o mesmo objetivo dos agentes. “As fake news são um problema sério, mas são um pedacinho do problema. Imaginem o quanto robôs, perfis falsos, postagens falsas e atuações clandestinas na rede podem influenciar uma votação. Nos Estados Unidos, assisti a um relato de um caso no oeste norte-americano. Criaram um perfil de uma senhora de seus 70 anos. O perfil postava receitas, crochê, fotos do neto, passeios no teatro, na ópera. Durante oito meses, mais ou menos, ela foi juntando gente no perfil e elogiava a candidata Hillary Clinton [democrata]. Ela passou a existir virtualmente. A seis meses da eleição presidencial, ela passou a discordar da Hillary, a achar que as ideias do Donald Trump [republicano] eram mais claras. Ela foi modificando sua posição e conduzindo seus seguidores. Isso [perfil falso] não é fake news, as fake news são só a pontinha do iceberg”, explicou Etchegoyen.
Sobre a atuação da Abin, subordinada ao GSI, o ministro disse que, diferentemente do que algumas pessoas podem pensar, “não é um reduto de espiões, de 007”, mas é uma “estrutura de agentes que produzem conhecimento”. A Abin tem escritório em dezoito países e deve abrir mais três neste ano.
O GSI, por sua vez, é ligado diretamente à Presidência da República. “Hoje pela manhã repassamos [ao presidente Michel Temer] informações sobre o encontro de Trump e o presidente norte-coreano, é um assunto que interessa ao nosso país”, exemplificou o general.
Outra atribuição do GSI é a criação de uma política nacional de segurança cibernética. O documento deve ser entregue a Temer nos próximos dias, conforme Etchegoyen. De acordo com o ministro, a função da política é garantir que a internet seja democrática, segura e que garanta a liberdade de escolha nas eleições – daí a importância estratégica do combate aos boatos.
Etchegoyen também defendeu a atuação da Abin e do GSI durante a greve dos caminhoneiros que paralisou o país. O GSI coordenou os órgãos de segurança durante os protestos. Quanto às críticas de que o governo não teria previsto a paralisação, o ministro afirmou que é “muita ingenuidade pensar que um sistema de Inteligência vai tratar publicamente do que faz”.