Saíram os resultados do Pisa (Programa Internacional de Avaliação de Estudantes) de 2022.
O Brasil teve uma pequena melhora. De 2018 para 2022, em um ranking de 81 países, passamos de 71º para 65º em Matemática; de 57º para 52º em Leitura; e de 64º para 62º em Ciências. A melhora, no entanto, se deve a uma queda mais acentuada de outros países, e não tem relevância estatística. Continuamos sendo o desastre que sempre fomos. Para se ter uma ideia, 73% dos estudantes brasileiros de 15 anos, não conseguem resolver operações básicas de matemática, como converter moedas ou comparar distâncias.
Dentro do desastre generalizado, houve um desastre particular, esse um tanto surpreendente. O desempenho dos alunos brasileiros mais ricos caiu 13 pontos em Matemática (os pobres continuam onde estavam). Ou seja, a desigualdade educacional no país caiu — só que da pior maneira possível.
Em 134 anos de República, o Brasil nunca conseguiu educar seus jovens adequadamente. Antes da ditadura, havia um ensino de boa qualidade que alcançava apenas a classe média urbana, enquanto a maioria da população ficava de fora. A ditadura quis tornar abrangente o ensino de boa qualidade e o que conseguiu foi torná-lo muito pior — sem fazê-lo acessível.
Fernando Henrique botou todas as crianças na escola, mas o ensino continuou ruim. Melhorar a qualidade deveria caber ao PT, cujo líder, Lula, passou a vida se orgulhando por não ter estudado e declarando que ler é desnecessário (ainda faz isso). O PT mais do que dobrou o investimento em educação, mas só o que conseguiu foi enriquecer donos de universidades particulares e causar um rombo bilionário com o Fies — mantendo a mesma qualidade (deficiente).
Salvo as honrosas exceções de praxe, ninguém nunca deu a devida importância ao assunto. A direita parece acreditar que educação pública não é problema seu, talvez porque entenda que seus filhos, alunos de escolas particulares, estariam protegidos da má qualidade geral.
Esse entendimento, além de cínico, está equivocado. Os professores das escolas particulares advêm em geral do ensino público, e quem determina o currículo etc. das escolas particulares continua sendo o Poder Público. O topo do ensino brasileiro regula com a média de alguns países mais desenvolvidos. E a qualidade do ensino das escolas particulares, como mostra o Pisa, caiu.
A atitude da esquerda consegue ser ainda pior. Suas prioridades são melhorar salários e condições de trabalho dos professores, impedir avaliação externa do ensino e prêmios para os melhores professores e diretores de escola, manter o currículo centralizado, obrigar todos os alunos a cursar disciplinas que deveriam ser especificas etc. O objetivo mais imediato é revogar a reforma do ensino médio (que é um avanço) para mantê-lo exatamente como está. A preocupação com a qualidade do ensino e o interesse dos alunos vêm em último lugar.
Camilo Santana está no Ministério da Educação porque o estado que governou, o Ceará, é um caso exemplar no que se refere a qualidade de ensino. Seu objetivo é replicar o modelo cearense para todo o Brasil. Ninguém, no governo ou fora dele, parece interessado em ajudá-lo; a esquerda, particularmente, está interessada em impedi-lo.
A educação no Brasil só terá o tratamento adequado quando o presidente da República se comprometer pessoalmente com ela. Mas Lula jamais fala em educação, está muito mais interessado em aumentar a produção de combustível fóssil.
Lula parece não entender que sem educação não há futuro. E continua comprometido com o passado.
(Por Ricardo Rangel em 06/12/2023)