PRORROGAMOS! Assine a partir de 1,50/semana
Imagem Blog

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

O recado dos juízes: o jogo mudou

A partir de agora, Bolsonaro tem uma espada sobre a cabeça

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 13h14 - Publicado em 6 ago 2021, 06h00

Winston Churchill ensinou que quem tenta aplacar a fome do crocodilo pode até ser devorado por último, mas não escapa de ser devorado. O filósofo Karl Popper ensinou que a tolerância ilimitada para com os intolerantes leva à destruição da tolerância.

O Judiciário entendeu, afinal. Percebeu que Bolsonaro segue à risca o roteiro que levou um bando de baderneiros a invadir o Capitólio. E que o “Capitólio”, no Brasil, serão o TSE e o STF. E que os militares brasileiros não têm com a Constituição o mesmo compromisso que têm seus pares americanos. E que, até hoje, mais da metade dos eleitores de Trump acredita que as eleições foram roubadas.

Os juízes decidiram agir. E sua ação é de tirar o fôlego. O Tribunal Superior Eleitoral abriu, por unanimidade, inquérito contra Bolsonaro pelas fake news contra as urnas eletrônicas. E enviou ao STF, em decisão também unânime, notícia-crime contra o presidente da República.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo, imediatamente transformou Bolsonaro em investigado. E determinou a Anderson Torres, coadjuvante do presidente na infame live do dia 29, que preste depoimento à Polícia Federal — no governo surreal de Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça (chefe do chefe da PF) é delegado da PF… E vai depor a delegados da PF, seus pares. Cármen Lúcia, de sua parte, remeteu à PGR pedido de parlamentares para que Bolsonaro seja investigado por crime eleitoral.

“Ficou claro que os magistrados estão unidos e vão resistir a qualquer tentativa de melar a eleição”

Continua após a publicidade

Se as instituições estivessem funcionando, o Judiciário não precisaria agir de ofício: o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o presidente da Câmara, Arthur Lira, estariam competindo pelo privilégio de tirar do poder um presidente que rasga a Constituição quase que diariamente. Mas Bolsonaro cooptou o PGR, que se faz de morto para não denunciar o presidente, e comprou o Centrão, que se recusa a votar e aprovar o impeachment. Sobrou para os juízes.

Para impedir Bolsonaro de ser candidato em 2022, ninguém precisa de Aras ou de Lira. Se o TSE comprovar que o presidente usou seu poder para desacreditar as eleições ou fazer campanha fora de hora — o que todo mundo sabe que é verdade —, qualquer um poderá pedir a cassação da candidatura de Jair Messias. A partir de agora, o capitão tem uma espada sobre a cabeça.

Ficou claro que os magistrados estão unidos e vão resistir a qualquer tentativa de melar a eleição, e é de se supor que muita gente tenha entendido o recado. O ministro Braga Netto — um general de quatro estrelas, até o início do ano passado integrante do Alto Comando do Exército — foi convocado a depor na Câmara, e nenhum militar protestou. Em movimento contrário, o Exército baixou uma portaria restringindo drasticamente o acesso dos generais ao Twitter.

Continua após a publicidade

O mais bolsonarista dos comandantes das Forças Armadas, brigadeiro Carlos Almeida Baptista Jr., procurou o ministro Gilmar Mendes, do STF, para reiterar que as Forças Armadas repudiam o golpismo. (Os militares continuam sendo quem sempre foram, mas terão percebido, quem sabe, que o caminho para o qual o presidente Bolsonaro quer empurrar o país não é bom para ninguém.)

O jogo mudou — e até Jair Bolsonaro entendeu.

Publicado em VEJA de 11 de agosto de 2021, edição nº 2750

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.