Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana
Imagem Blog

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Continua após publicidade

O recado de Trump para o Brasil

Daqui a dois anos tem eleição por aqui. É bom a turma acordar

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 8 nov 2024, 09h49 - Publicado em 8 nov 2024, 06h00

Donald Trump não apenas superou Kamala Harris em todos os estados-pêndulo, como ganhou até no voto popular, coisa que um republicano não conseguia desde George W. Bush, em 2004. Fez maioria no Senado e deve conseguir o mesmo na Câmara.

Nos últimos anos, Trump atacou e descredibilizou a imprensa, aparelhou a Justiça, nomeou os juízes que revogaram o direito ao aborto. Deu incontáveis declarações racistas e misóginas, prometeu uma onda de deportações, ameaçou encarcerar adversários, foi classificado como “fascista” por seus próprios ex-auxiliares.

É despreparado, pouco equilibrado e um inimigo da democracia que questionou o resultado da eleição e encorajou um ataque ao Congresso em busca de um golpe de Estado. É alvo de inúmeros processos e foi condenado por vários crimes federais.

“Superamos obstáculos que ninguém acreditava ser possível superar”, afirmou. Tem toda a razão: como é possível que alguém como ele tenha vencido?

A vitória de Trump diz mais sobre seu país (e sobre o nosso) do que sobre ele mesmo.

Continua após a publicidade

Lá, como cá, grande parte da população tem a percepção de que “o sistema”, viciado, não corresponde às suas expectativas. Nos EUA, a globalização e a revolução tecnológica trouxeram insegurança no emprego e estagnação salarial, especialmente na classe trabalhadora e em áreas rurais. E o combate de Biden à pandemia gerou forte inflação.

“Grande parte da população tem a percepção de que ‘o sistema’, viciado, não corresponde às suas expectativas”

No Brasil, a globalização foi benéfica e ajudou a reduzir a pobreza, mas a devastação econômica dos anos Dilma reduziu boa parte dos ganhos. O Estado cobra impostos escorchantes, mas é incapaz de fornecer bons serviços. E dificulta a vida de quem quer empreender.

Continua após a publicidade

Mudanças sociais resultantes de imigração (no caso americano) e do aumento de direitos para as minorias (nos dois países) geraram desconforto e ressentimento entre idosos e conservadores. A esquerda abandonou a defesa dos pobres e abraçou o identitarismo, pauta de classe média que hostiliza homens e brancos (de ambos os sexos). A polarização é acirrada pelas redes sociais.

A incapacidade das elites política e econômica de fornecer respostas adequadas para essas questões tornou-as alvo de profunda desconfiança. O resultado desta semana sugere que essa desconfiança é maior hoje do que era em 2016, quando Trump foi eleito pela primeira vez.

Faz tempo que a população manda recados sobre sua insatisfação. No Brasil, tivemos junho de 2013; depois, a Lava-Jato e a revelação do petrolão; Bolsonaro foi eleito e quase reeleito; em seguida veio o 8 de Janeiro; e, há pouco, Pablo Marçal por um triz não foi ao segundo turno em São Paulo.

Continua após a publicidade

Diante de tantos alertas, o que faz a classe política? Lula se comporta como se estivesse tudo bem. A esquerda, derrotada, diz que quer se refundar — mas repete as fórmulas equivocadas de sempre. O Centrão, vitorioso, se comporta como se nada houvesse. Ministros do Supremo continuam, monocraticamente, tomando liberdades indevidas com a Constituição.

Daqui a dois anos tem eleição no Brasil. É bom a turma acordar.

(O bolsonarismo está acordado. Eduardo Bolsonaro, por exemplo, foi acompanhar a apuração da eleição na casa de Trump, na Flórida.)

Publicado em VEJA de 8 de novembro de 2024, edição nº 2918

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Semana Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

Apenas 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

a partir de 35,60/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.