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O fim da História?

O mundo vive hoje os maiores desafios de sua existência

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 9 Maio 2024, 18h30 - Publicado em 15 dez 2023, 06h00
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    Alemães se reúnem para interromper 28 anos de opressão sem disparar 1 tiro (AP/VEJA)

    “O fim da História?”, cogitou, em 1989, o cientista político Francis Fu­kuya­ma. Ele retomava a tese do filósofo Friedrich Hegel, mais tarde adotada e propalada por Karl Marx, de que a História teria um propósito evolutivo, um modelo que não pudesse ser superado. Esse ponto marcaria o “fim da História”.

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    Fukuyama defendia que esse modelo era a democracia liberal, não por ser perfeito, mas porque nenhum outro poderia entregar estágios superiores de liberdade, igualdade, conforto. O liberalismo havia derrotado o absolutismo e o fascismo, o comunismo era inviável. Não sobrava nada.

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    Fukuyama foi muito atacado, em particular pela esquerda, que acreditava na tese do fim da História, mas via o modelo definitivo como sendo o comunismo. Pouco depois, no entanto, o Muro de Berlim caiu e a URSS se desintegrou. O mundo parecia fadado a ser democrático.

    Mas a História é famosa por ser trapaceira. A democratização e a globalização criaram ressentimentos em ricos e pobres. A intolerância nacionalista e/ou religiosa ressurgiu.

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    “A fé de que a democracia logo se espalharia era precipitada, mas em trinta anos não surgiu modelo melhor”

    A Bósnia submergiu em um banho de sangue. A Rússia retomou um czarismo despótico e brutal. O terrorismo de extremistas árabes se espalhou pelo mundo, a islamofobia cresceu. A Guerra do Iraque criou o Estado Islâmico. A Primavera Árabe, que prometia a democratização, criou novas ditaduras. A Líbia e a Síria mergulharam em guerra civil. A migração de refugiados para a Europa abriu espaço para o discurso xenófobo e racista. O Talibã retomou o Afeganistão. A Rússia invadiu a Ucrânia. Israel sofreu recentemente o pior ataque de sua história e a guerra de Netanyahu contra o Hamas está dizimando a população em geral. O antissemitismo cresce. A China ameaça Taiwan, Maduro ameaça a Guiana. Biden é um presidente fraco, e Trump é favorito para a eleição de 2024.

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    O mundo vive os maiores desafios de sua história: o aquecimento global, que pode aniquilar a humanidade, e a revolução tecnológica, destruidora de empregos e portadora de outros riscos que ninguém alcança.

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    O panorama é de insatisfação, ressentimento, incerteza, insegurança, risco. A urgência pede respostas rápidas e decididas, mas a complexidade exige tempo e reflexão. Liberais não têm respostas rápidas para problemas complexos, para os quais as soluções fáceis são sempre erradas. Populistas, sim, têm soluções fáceis e erradas para tudo, e a polarização trazida pelas redes sociais só os ajuda. Não por acaso, eles estão por aí: Putin, Erdogan, Orbán, Duda, Netanyahu, Le Pen, Trump, Bolsonaro. Antidemocráticos, intolerantes e, em geral, incompetentes.

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    A fé de que a democracia logo se espalharia pelo mundo era precipitada, mas a tese de que ela representava o “fim da História” não estava necessariamente errada. Nesses trinta anos de muito som e fúria, não surgiu modelo melhor. Para superar os graves desafios que temos pela frente, precisamos de boa-fé, tolerância, debate, negociação, consenso — características típicas da democracia liberal. A esperança está na democracia: é necessário preservá-la.

    É isso — tolerância, compreensão, democracia — que desejo a todos nós a partir do ano que vem. Feliz ano novo.

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    Publicado em VEJA de 15 de dezembro de 2023, edição nº 2872

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