Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

O Brasil na vanguarda do atraso

A guerra no Leste Europeu revela onde Bolsonaro e Lula estão

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 12h31 - Publicado em 4 mar 2022, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Vladimir Putin fez uma agressão não provocada à Ucrânia, país soberano e pacífico. Mentiu que a Ucrânia não existe como Estado independente. Mentiu que o governo ucraniano é neonazista. Mentiu que seu objetivo é proteger os habitantes de Donbass (por que a Rússia está bombardeando Kiev, do outro lado do país?). Mentiu que foi uma ação para impedir que a Ucrânia entre para a Otan: não havia perspectiva de inclusão da Ucrânia. E, se fosse assim, por que Putin concordou com a entrada das repúblicas bálticas na Otan em 2004? E que argumento é esse de que se pode invadir um país soberano para impedi-lo de fazer acordos internacionais?

    O mundo não comprou o lero-lero de Putin e repudiou em peso a invasão. No Brasil, entretanto, nada é simples. Os bolsonaristas ficaram confusos, sem saber se a Rússia é o monstro-­comunista-inimigo-da-civilização-cristã, como disse a máquina de fake news durante anos, ou se Putin é “conservador”, conforme Bolsonaro agora o descreve. Para complicar, Putin tem o apoio de outros monstros comunistas, como China, Cuba e Venezuela.

    Na dúvida, siga o líder. Bolsonaro — que visitou a Rússia às vésperas da invasão e declarou “solidariedade” aos russos — recusou-se a condenar o ataque e avisou que o Brasil é “neutro”. O Itamaraty faz o que pode para botar o país no lugar certo, mas todo mundo sabe onde Bolsonaro está.

    “As principais lideranças brasileiras são incapazes de defender a democracia com firmeza”

    Faz sentido que Bolsonaro, que defende ditadura e tortura, apoie Putin, um ditador fascista e homofóbico que acredita na lei do mais forte, mata inimigos e massacra populações, como fez na Chechênia e faz agora. E que quer recriar um passado idealizado e glorioso (o Império Russo). Ou seja, é o modelo acabado do que Bolsonaro quer ser.

    Continua após a publicidade

    A esquerda brasileira também ficou tonta. A visão geopolítica tradicional de nossa esquerda tem três linhas básicas: 1) contra os Estados Unidos; 2) a favor de ditaduras de esquerda; 3) contra ditaduras de direita. Até o fim da Guerra Fria, era fácil conciliar as três linhas, hoje é impossível. Grande parte da esquerda, PT e penduricalhos incluídos, optou pelo antiamericanismo, que é supremo.

    O PT condenou a “política de longo prazo dos Estados Unidos de agressão à Rússia e de expansão da Otan” — nem uma palavra sobre a agressão da Rússia à Ucrânia. O ex-chanceler petista Celso Amorim é “contra as sanções” (mas não contra a Rússia) e “a favor do diálogo” (mas não da Ucrânia).

    Lula tuitou que “ninguém pode concordar com ataques militares de um país contra o outro” — não mencionou Rússia nem Ucrânia. Depois, falou da Rússia, mas antes criticou o Ocidente: “Foi assim que os Estados Unidos invadiram o Afeganistão e o Iraque e que a França e a Inglaterra invadiram a Líbia; é assim que a Rússia está fazendo com a Ucrânia”. Esqueceu que a Ucrânia é democrática e pacífica; o Afeganistão, dominado pelo sanguinário Talibã, protegia o terrorista Bin Laden; a Líbia era uma ditadura em sangrenta guerra civil e a intervenção foi determinada pela ONU.

    Continua após a publicidade

    O mundo inteiro está unido em defesa da Ucrânia, mas as principais lideranças brasileiras são incapazes de defender a democracia com firmeza. Nós somos a vanguarda do atraso.

    Publicado em VEJA de 9 de março de 2022, edição nº 2779

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.