Moro precisa pesar melhor as palavras
Quem elogia o Centrão, se encontra com Temer e se candidata pelo Podemos não pode criticar os outros por más companhias
“Impressão minha ou ontem assistimos a um jantar comemorativo da impunidade da grande corrupção?”, perguntou Sergio Moro no Twitter, referindo-se à pajelança em torno de Lula e Alckmin, que reuniu uma parte importante dos políticos de Brasília.
Se quer mesmo ser presidente, Moro precisa começar a pesar melhor suas palavras.
Primeiro, porque é improvável que consiga chegar a algum lugar se não conseguir o apoio de vários dos políticos presentes no tal jantar.
Segundo, porque o tempo em que Moro tinha autoridade para criticar os outros por andar em más companhias já passou. Metade dos parlamentares do Podemos, partido ao qual Moro se filiou, tem pendências com a justiça. Na semana passada, o ex-juiz procurou Michel Temer, que está muito longe de ser uma figura insuspeita, para marcar uma reunião. Chegou até a elogiar o inelogiável Centrão.
Por fim, se quer ser a verdadeira terceira via — isto é, alguém acima e além de Bolsonaro e de Lula — , Moro deveria tratar de reconciliar o país consigo mesmo em vez de acirrar a polarização e o ódio político.