Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Ricardo Rangel

Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Continua após publicidade

Bolsonaro e sua “ala técnica”

Com uma turma assim, quem precisa da tal “ala ideológica”?

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 4 jun 2024, 14h05 - Publicado em 3 jul 2020, 06h00
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Bolsonaro percebeu, enfim, que a insistência na radicalização acabaria por derrubá-lo e sossegou o facho: abandonou a “ala ideológica”, cedeu à “ala técnica”, demitiu Abraham Weintraub e o substituiu por Carlos Decotelli, dono de currículo estelar, avalizado pelo “primeiro-ministro” Walter Braga Netto.

    Mas o currículo era vidro e se quebrou, e o quase-ministro caiu antes da posse. Não que a fraude seja estranha aos ministros de Bolsonaro: Damares e Salles mentiram sobre seus currículos, Marcelo Antônio foi denunciado por fraude eleitoral, Weintraub praticou autoplágio e escapou da quarentena nos EUA usando o passaporte oficial. Decotelli deu azar de ter sido pego na entrada.

    O currículo do ex-futuro-ministro não é mais fantasioso, no entanto, do que a ideia de que exista de fato uma “ala técnica” no governo. Afinal, o que há de técnico em uma Agência Brasileira de Inteligência — chefiada por Alexandre Ramagem, considerado tão competente que Bolsonaro o nomeou diretor-ge­ral da Polícia Federal (caiu mais rápido do que Decotelli) — incapaz de identificar algo trivial como um currículo forjado? E vale lembrar que a agência é subordinada ao técnico general Augusto Heleno.

    A tal ala técnica nem precisaria da Abin para saber que o currículo do candidato não recomendava sua nomeação: bastava ler o que os bolsonaristas chamam de “extrema imprensa” para saber que durante a gestão de Decotelli no FNDE foi aprovada uma licitação fraudulenta, ainda não esclarecida, de 3 bilhões de reais. Aliás, se a ala técnica tivesse se dado ao trabalho de bater cinco minutos de papo com Decotelli — que integra a equipe de Bolsonaro desde antes da posse —, teria percebido o que todos os brasileiros perceberam ao vê-lo na TV: ele é o rei do lero-­lero.

    “Todos perceberam ao ver na TV o ministro que caiu antes da posse: Carlos Decotelli é o rei do lero-lero”

    Continua após a publicidade

    O desempenho da ala técnica em outros departamentos não é diferente. Foi ela que indicou o técnico general Eduardo Pazuello para a Saúde, onde mais de vinte militares técnicos (mas não em medicina) não formulam política de saúde, prescrevem medicamentos perigosos sem respaldo técnico, manipulam dados técnicos e fogem de entrevistas.

    Paulo Guedes não é militar, mas é parte da ala técnica. Sem proposta para lidar com a crise — e sem vestígio de sensibilidade social —, Guedes torpedeia o auxílio emergencial, recomenda Weintraub para o Banco Mundial e repete que o Brasil “vai surpreender” o mundo. Como se a pandemia fora de controle, um desequilibrado no Bird, um mitômano no MEC e metade dos brasileiros sem trabalho não causassem assombro bastante.

    ASSINE VEJA

    Governo Bolsonaro: Sinais de paz
    Governo Bolsonaro: Sinais de paz Leia nesta edição: a pacificação do Executivo nas relações com o Congresso e ao Supremo, os diferentes números da Covid-19 nos estados brasileiros e novas revelações sobre o caso Queiroz ()
    Clique e Assine
    Continua após a publicidade

    Até da política a ala técnica cuida: é o general Ramos (que, para supremo alívio do Exército, vai para a reserva) quem entrega orçamentos bilionários ao Centrão. “Se gritar pega Centrão, não fica um, meu irmão”, cantou certa vez o general Heleno, mas isso não incomoda Ramos, tão à vontade no papel de técnico da velha política que tem um celular só para isso — parlamentares bolsonaristas, que não têm o número, apelidaram o general de “disque-Centrão”.

    Com ala técnica assim, quem precisa de ala ideológica?

    Publicado em VEJA de 8 de julho de 2020, edição nº 2694

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.