O advogado de Jair Bolsonaro veio a público para dizer que “quem seria beneficiado seria uma junta (o tal “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”) que seria criada após a Operação Punha Verde Amarelo. E nessa junta não estava incluído o presidente Bolsonaro”.
“Não tem o nome dele lá, ele não seria beneficiado disso. Quem iria assumir o governo em dando certo esse plano terrível, que nem na Venezuela chegaria a acontecer, não seria o Bolsonaro, seria aquele grupo”, reforçou Paulo Bueno.
Antes da declaração do advogado, o general Braga Netto havia publicado uma nota em que repudiava “veementemente” a “tese fantasiosa e absurda da imprensa” de que haveria um “golpe dentro do golpe”. De forma fascinante, a nota negava o “golpe dentro do golpe”, mas, não negava o golpe em si.
Bem, quem está defendendo a tese (fantasiosa ou não) do “golpe dentro do golpe”, afinal, não é a imprensa. É o chefe de quem Braga Netto foi (ou pareceu ser) o mais subserviente dos auxiliares. Não que surpreenda: o histórico de Bolsonaro é mesmo empurrar a culpa para os outros e jogar aliados ao mar.
Então ficamos combinados assim: Bolsonaro nega o golpe, mas admite a existência de golpe dentro do tal golpe cuja existência nega. (Já Braga Netto nega o golpe dentro do golpe, mas não nega o golpe em si.)
Bolsonaro entrou em rota de colisão com Braga Netto, Heleno, Almir Garnier, Mario Fernandes e mais uma porção de golpistas que se arriscaram para mantê-lo no poder.
A Polícia Federal vai precisar distribuir senha para acordo de delação premiada.
(Por Ricardo Rangel em 02/12/2024)