Bolsonaro, a Petrobras e a mamata
O presidente interfere na Petrobras o tempo todo, sempre por motivos pouco republicanos
![Brazilian President Jair Bolsonaro gestures during the launch of the Gigantes do Asfalto Program, which aims to reduce bureaucracy for cargo trucking, at Planalto Palace in Brasilia, on May 18, 2021. (Photo by EVARISTO SA / AFP)](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2022/04/JAIR-BOLSONARO_9AA4EN.jpg?quality=90&strip=info&w=1280&h=720&crop=1)
E a Petrobras, hein?
Bolsonaro demitiu mais um presidente da empresa. Estamos indo para o quarto presidente em quatro anos.
Roberto Castello Branco caiu porque não queria aceitar intervenção no preço do petróleo. Mas também porque não permitiu manipulação na verba de publicidade.
O general Joaquim Silva e Luna caiu porque também não queria aceitar intervenção no preço do petróleo. Mais um oficial-general de quatro estrelas demitido de maneira imotivada, sumária e humilhante.
Bolsonaro tentou emplacar Adriano Pires na presidência e Rodolfo Landim no conselho. Não deu pé, porque os dois eram ligados a certo empresário do ramo de óleo e gás. A solução foi nomear, correndo, José Mauro Ferreira Coelho, funcionário de carreira.
Bolsonaro então demitiu o ministro das Minas e Energia, almirante Bento Albuquerque, que era contra a criação de um gasoduto de 100 bilhões que ia favorecer o tal certo empresário. Mais um oficial-general de quatro estrelas demitido de maneira imotivada, sumária e humilhante.
Segundo a jornalista Malu Gaspar, Bolsonaro queria trocar três diretores da Petrobras, dois dos quais não tinham nada a ver com preço do petróleo. Um deles controlava… a verba da publicidade. Pelo jeito, em vez de trocar os diretores, Bolsonaro preferiu trocar logo o presidente.
O novo escolhido para assumir o leme é um homem de Paulo Guedes, Caio Paes de Andrade, que é (ou era) o secretário especial de desburocratização do Ministério da Economia. Não está claro se vai colar, pois Andrade não preenche os critérios exigidos para o cargo.
Bolsonaro interfere na Petrobras (e no setor de óleo e gás em geral) o tempo todo, sempre por motivos pouco republicanos. E tem gente que acredita que o governo é liberal. E tem gente que acredita que acabou a mamata.