Assine VEJA por R$2,00/semana
Imagem Blog

Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Continua após publicidade

A prioridade para 2022

Insistir em candidatura sem chances ajuda a matar a terceira via

Por Ricardo Rangel Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 7 jan 2022, 09h48 - Publicado em 7 jan 2022, 06h00

Há muitas prioridades para 2022. A vacinação. O combate à fome, à miséria e à desigualdade, que recrudesceram por causa da recessão e da pandemia. Recuperar o tempo perdido na educação. Retomar o crescimento econômico e as reformas do Estado e reduzir o desemprego.

Combater o desmatamento (e estipular que a meta é zero). Recuperar os investimentos em ciência e tecnologia. Discutir como reduzir o impacto da revolução tecnológica nos empregos. Reconstruir a democracia e suas instituições.

E, claro, retirar Bolsonaro do poder.

Com exceção do último item (que ele quer impedir), nada disso é prioridade para Jair Bolsonaro. E é por isso mesmo que a maior prioridade do Brasil para 2022 é remover Jair Bolsonaro do poder.

Felizmente, tudo indica que isso ocorrerá. O problema é que esse “tudo indica” está levando a conclusões precipitadas, potencialmente equivocadas e perigosas. Bolsonaro, ao contrário do que muitos acreditam, não está morto. Ele tem o Diário Oficial e uma caneta cheia de tinta, vai gastar dinheiro a rodo nos próximos meses. É provável que suas intenções de votos subam.

Continua após a publicidade

“Será uma ironia amarga o Brasil se ver obrigado a eleger o PT para escapar de Jair Bolsonaro”

Por seu lado, a nação petista tem tanta certeza de que Bolsonaro está morto e anda tão confiante na vitória de Lula que já está até fazendo a partilha dos ministérios. Não existe nada mais perigoso do que o clima de “já ganhou”: quem acha que a vitória é certa não percebe os próprios erros. E Lula tem cometido erros.

Lula defende ditaduras e afirma que o mensalão e o petrolão não existiram e que a Lava-Jato foi uma operação dos EUA para “destruir a indústria naval brasileira” (que indústria naval?). Nos últimos dias, ameaçou revogar a reforma trabalhista e permitiu que Guido Mantega publicasse um artigo afrontoso em sua escancarada mistificação. Com isso, não ganha voto (a esquerda já vota nele), mas perde.

Se Bolsonaro crescer, Lula cair e a terceira via continuar parada, aumenta a chance de uma surpresa desagradável no segundo turno. Mas os erros de Lula favorecem também a terceira via, que não está morta — até porque a eleição de 2022 será diferente de todas as eleições que o Brasil já teve.

Continua após a publicidade

Em uma eleição comum, costuma ser melhor seguir até o final e ser derrotado do que renunciar: o candidato fica mais conhecido e tem mais força para negociar apoios no segundo turno. Neste ano, entretanto, insistir em uma candidatura sem chances contribui para matar a terceira via e garantir um segundo turno entre Bolsonaro e Lula. Candidatos sem chances serão abandonados por seus próprios partidos e pressionados a desistir. Os próprios candidatos tendem a preferir renunciar a ser os causadores do que o empresário Pedro Passos descreveu como uma escolha “entre o inaceitável e o indesejável”.

Quem sobreviver ao jogo de resta um receberá os votos de todos que quiserem evitar um segundo turno entre Lula e Bolsonaro — não serão poucos. Ainda há muita água para rolar, mas será uma ironia amarga caso o Brasil, que em 2018 cometeu o despautério de eleger Jair Bolsonaro para escapar do PT, se veja obrigado a eleger o PT para escapar de Bolsonaro.

Publicado em VEJA de 12 de janeiro de 2022, edição nº 2771

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.