A palavra é ‘nazista’, mesmo
O depoimento de Tadeu Andrade na CPI sobre a Prevent Senior é de arrepiar
Em seu depoimento na CPI, o advogado Tadeu Andrade narrou seu calvário nas mãos da Prevent Senior. Depois de submetê-lo a um tratamento experimental, e perigoso, sem autorização, a empresa decidiu retirá-lo da UTI e deixá-lo morrer.
Tadeu Andrade teve sorte: a resistência firme de sua filha, assim como o médico que sua família teve condições de contratar, salvaram sua vida. Outros pacientes, com certeza, não tiveram a mesma sorte e acabaram no cemitério.
O depoimento de Andrade está em linha com o relato dos médicos George Joppert, Andressa Joppert e Walter Correa e da advogada Bruna Morato, que contou que a expressão “óbito também é alta” era corriqueira na Prevent Senior.
O que se depreende dos depoimentos é que a Prevent Senior, com o objetivo de cortar custos, dar credibilidade a medicamentos ineficazes e adular o presidente da República, se arrogou o direito de tratar seres humanos como cobaias e de decidir quem deve viver ou morrer.
Muitos protestam contra o uso das palavras “nazismo” e “nazista” (que vem se tornando comum), pois não é possível comparar o que ocorre no Brasil com o holocausto — o que, claro, é verdade.
Mas o nazismo não surgiu com o extermínio deliberado de milhões de pessoas. Ele surgiu uma década antes, quando a ideia de que certas pessoas — idosos doentes, por exemplo — são dispensáveis, não vão fazer faltar, podem morrer, começou a ser vista como aceitável.
O nazismo surgiu em lugares como os hospitais da Prevent Senior.