Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

ReVEJA

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Vale a pena ler de novo o que saiu nas páginas de VEJA em quase cinco décadas de história

‘Declaramos que a URSS deixa de existir’

Em três reportagens de capa, os momentos cruciais do fim do império soviético, em 1991

Por Da redação
Atualizado em 30 jul 2020, 20h43 - Publicado em 6 out 2017, 11h30

O império soviético ruiu em 1991, e ao longo daquele ano VEJA dedicou três capas ao fim do regime nascido da Revolução Russa – cujo centenário é lembrado na edição desta semana.

VEJA de 17 de julho de 1991
VEJA de 17 de julho de 1991. Clique para ler a reportagem na íntegra (VEJA/Reprodução)

Em VEJA de 17 de julho de 1991, reportagem especial registrava a ‘segunda revolução russa’. ‘Com inflação, greves e desemprego, a União Soviética enterra o comunismo e se lança em busca do capitalismo’, dizia o subtítulo da matéria. Mikhail Gorbachev presidia a URSS, e Boris Ieltsin recém assumira o governo da república russa. A economia afundava, a inflação disparava, e as greves espalhavam-se pelos diversos setores. Naquela semana, Gorbachev planejava sua viagem a Londres para tentar renegociar a dívida externa. ‘Estamos à beira do caso’, avisava.

Ao longo de 22 páginas, VEJA apresentava o testemunho e a opinião de políticos, militares, historiadores, padres, líderes de repúblicas separatistas, ex-dissidentes, novos empresários e velhos caciques do Partido Comunista sobre o ocaso do império vermelho. Um dos entrevistados foi o historiador Roy Medvedev, que ‘foi um dissidente quando a moda era ser comunista e é comunista quando a moda é ser dissidente’. ‘Do ponto de vista das ideias, o socialismo vive o seu melhor período’, acreditava. ‘Estão arrasadas todas as teorias do socialismo ditatorial e militarizado. Então ele pode se purificar.’ Outro entrevistado, o general da linha dura Boris Gromov, chamado Napoleão soviético, antevia dois conflitos: ‘O Estado soviético está ameaçado por dois tipos de confronto. Um vem da tensão entre o centro e as repúblicas. Outro, entre conservadores e democratas’.

VEJA trazia também, ao longo das páginas, uma série de piadas contadas por soviéticos, como esta aqui, sobre o encontro de dois dirigentes comunistas:

Continua após a publicidade

– Qual você acha que será o nosso futuro daqui a cinco anos?
– Meu querido, do jeito que as coisas vão, eu não sei sequer qual será o nosso passado

VEJA de 28 de agosto de 1991
VEJA de 28 de agosto de 1991. Clique para ler a reportagem (VEJA/Reprodução)

Em agosto, os confrontos antevistos pelo general ganhavam as ruas, e a linha dura comunista saía derrotada. ‘A revolução começou’ era o título da reportagem. Naquela semana, uma junta golpista colocara Gorbachev na cadeia e pusera 50 mil tanques para ocupar as ruas. Ieltsin subiu em um deles para liderar a resistência: convocou manifestações em todo o país e conclamou os soviéticos à greve geral. ‘No dia seguinte, ocorria uma grande manifestação de mais de 100 000 pessoas em frente ao Palácio de Inverno, um dos cenários decisivos da Revolução de 1917, a greve se alastrava pelo país e, em Moscou, barricadas improvisadas conseguiam deter o avanço dos tanques’, narrava VEJA de 28 de agosto de 1991. ‘Qualquer manual bolchevique ensina que uma greve geral bem-sucedida, manifestações populares nas principais cidades e barricadas com gente disposta a morrer são o caminho mais curto para o socialismo. Na semana passada, elas foram a rota do retorno ao capitalismo, a alma da revolução anticomunista que começou na União Soviética’.

Continua após a publicidade

A derrota dos golpistas acelerou a emancipação das repúblicas que buscavam independência de Moscou e encorajou a derrubada de estátuas e símbolos da Revolução Russa. ‘Depois de caçar comunistas de ferro, a massa partiu atrás dos de carne e osso, pespegando safanões em funcionários identificados do Partidão’, relatava VEJA. ‘Na mesma velocidade com que os monumentos aos ícones da Revolução de Outubro vinham abaixo, Boris Ieltsin, o herói da Revolução de Agosto, assinava. E como assinava. Ucasses, decretos, resoluções jorraram qual sangria desatada de sua mão direita (a única que tem os cinco dedos) para dar forma concreta ao que a queda das estátuas simbolizava: o fim do comunismo. De quebra, acabava também o período de seis anos em que Gorbachev tentou a reforma por dentro do sistema, ora tomando medidas liberalizantes, ora se alinhando com a linha dura. A perestroika e a glasnost, o processo de abertura lenta, gradual e controlada para reestruturar o país, deu lugar ao escancaramento súbito, rumo a uma estruturação do país em novas bases.’

revrussacapa3
VEJA de 18 de dezembro de 1991. Clique para ler a reportagem. (VEJA/Reprodução)

Em dezembro, completava-se o desmanche do império soviético. Reunidos em Brest, na Bielo-Rússia, os presidentes desta antiga república soviética (Stanislav Shushkevitch) e mais os da Ucrânia (Leonid Kravchuk) e da própria Rússia (Ieltsin) formalizavam uma certa Comunidade dos Estados Independentes e anunciavam ao mundo, sem mais nem menos: ‘Nós […] declaramos que a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, como sujeito do direito internacional e realidade geopolítica, deixa de existir’. A maioria das demais repúblicas da extinta URSS logo aderiu ao novo bloco. A Gorbachev, o presidente dessa ‘realidade geopolítica’ que desaparecera, só restava sair de cena – ‘em agosto, tiraram Gorbachev do comando do país; agora, tiraram o país sob o comando de Gorbachev’. No dia 25 de dezembro, discursou por dez minutos e despediu-se às 19h12. Às 19h32, a bandeira da foice e do martelo era para sempre arriada do Kremlin, dando lugar ao pavilhão branco, azul e vermelho, pré-1917.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.