Veja 8 – Catequizando os tupinambás e os caetés
Meu artigo nesta edição de Veja chama-se: “É preciso civilizar os bárbaros do PT”. Seguem alguns trechos: “Faz 26 anos que os democratas se ocupam de atrair o PT para a civilização. Os tupinambás e os caetés, no entanto, resistem e tentam impor o canibalismo como algo doce e decoroso. Antes, tingiam a cara para […]
Os três acima eram os demônios da peça Auto de São Lourenço, do padre Anchieta (1534-1597), representada para os índios e para os primeiros colonos. Lembro-me de um livro que ganhei quando criança. Havia uma ilustração do jesuíta fazendo um poema na areia com um galho ou cajado. A catequese é mais do que um confronto de culturas. É um choque entre tempos. Trata-se do encontro de homens que estão em estágios diversos de domínio da natureza. Um trazia a escrita, a abstração, a realidade como conceito; outros viviam imersos no gozo, no terror e na ignorância. Antropólogos vão protestar. Para eles, pouco importa por que cai a maçã. Qualquer explicação “cultural” vale a pena. Continuo a achar libertadora a lei da gravidade…
(…)
No debate da Rede Record,
Estamos vivendo os nossos dias de Hans Staden (1525-1579), o aventureiro alemão que caiu presa dos tupinambás. Deu sorte: conseguiu sair vivo. No cativeiro, observou os costumes dos antropófagos e depois redigiu um relato de viagem que fez grande sucesso na Europa. Ajudou a espalhar a lenda de que, por estas plagas, comer gente era prática corriqueira – os tupis, coitados, gostavam mesmo era de uma capivara e de um macaco. Alguns acreditam de tal modo na superioridade de sua teologia e de seus hábitos alimentares que observam os seus raptores com interesse antropológico, mal disfarçando certa simpatia por aqueles que os ameaçam.
Estou fora dessa. Quero os tupinambás e os caetés ajoelhados. Sob o signo da Cruz da civilização. Os petistas devem acionar a tecla SAP para metáforas e metonímias neste último parágrafo