Uma verba escandalosa
Dilma Rousseff terá à sua disposição R$ 622 milhões para torrar em propaganda, pouco abaixo dos R$ 650 milhões que Lula teve em 2010, ano eleitoral, em que se enfiou a mão no cofre à vontade. Um dia os brasileiros olharão para esse escândalo — federal, estadual e municipal — e vão se perguntar: “Como […]
Dilma Rousseff terá à sua disposição R$ 622 milhões para torrar em propaganda, pouco abaixo dos R$ 650 milhões que Lula teve em 2010, ano eleitoral, em que se enfiou a mão no cofre à vontade. Um dia os brasileiros olharão para esse escândalo — federal, estadual e municipal — e vão se perguntar: “Como é que aquela gente permitia tal coisa?”. É claro que um governo pode e deve se comunicar com a população, mas quando tem algo a dizer, a informar ou de que advertir. No Brasil, as peças oficiais só servem à vanglória dos poderosos de plantão.
Ontem, a Secom se irritou um tantinho com o Globo quando confrontada com o fato de que a verba publicitária é pouco inferior aos R$ 700 milhões da MP das catástrofes. Considerou a comparação descabida. Eu não estou entre aqueles que convertem qualquer investimento em cesta básica. Mas esse cotejo não deixa de ser eloqüente se a gente pensa a dimensão da tragédia.
O governo federal e a maioria dos estaduais têm ainda a verba das estatais, que também costumam se dedicar ao proselitismo governista. Tudo é mal e porcamente disciplinado. Não pode haver a marca pessoal do governante, mas há muitos modos de burlar o óbice. A esmagadora maioria das campanhas no governo Lula, inclusive a das estatais, não informava a existência de serviço nenhum; apenas vendia um “novo Brasil”, mote empregado depois na campanha eleitoral do PT.