Uma Temporada no Inverno
Chuto uns 10, 11 graus lá fora. Se baixa temperatura estimulasse a especulação criativa, já teriam brotado uns 200 “Schopenhaueres” no inverno do Afeganistão… E, no entanto, o que apareceu por lá foi o Taliban… Nem a Pipoca Maria Corintiana da Silva, a vira-lata espoleta aqui de casa, a cadela diferenciada, se dispõe a fazer […]
Chuto uns 10, 11 graus lá fora. Se baixa temperatura estimulasse a especulação criativa, já teriam brotado uns 200 “Schopenhaueres” no inverno do Afeganistão… E, no entanto, o que apareceu por lá foi o Taliban… Nem a Pipoca Maria Corintiana da Silva, a vira-lata espoleta aqui de casa, a cadela diferenciada, se dispõe a fazer graça: não pula, não tenta roubar comida, não se anima a esconder da gente as coisas que lhe são tão caras e que não têm a menor importância pra nós — aquela suave vida besta do verão… Fica lá, tadinha, enrodilhada, debaixo do seu cobertor, esperando uma vida digna até para os cachorros: o calor!
Vou reescrever Rimbaud: “Uma Temporada no Inverno”. Em francês, rende no máximo uma rima; em português, já dá um trocadilho.