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Reinaldo Azevedo

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Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

Trump é um republicano com pés no chão. E as mãos também

Frase do então presidente mexicano Porfírio Díaz (1884-1911) sobre a relação dos EUA com o vizinho: “Pobre México! Tão longe de Deus, tão perto dos EUA”

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 2 fev 2017, 10h15 - Publicado em 26 jan 2017, 22h23

Ficou famosa a frase do chanceler Afonso Arinos sobre Jânio Quadros: “Jânio na Presidência era a UDN de porre”. E há um complemento: “Nós deveríamos tê-lo trancado no banheiro”. Sim, a síntese é perfeita. Sem dúvida, o banheiro lhe cairia bem — mas jogando a chave fora.

Lembro de um populista vulgar no Brasil ao falar de um populista vulgar — mas estupidamente mais perigoso — nos Estados Unidos. Para citar o jornalista Ivan Lessa, Trump é o um republicano “com os dois pés no chão. E as duas mãos também”.

Foi de tal sorte absurda a sua campanha; tantas foram as sandices; com tal frenesi entregou-se a delírios e rompantes de pura bufonaria que parecia impossível a muitos que fosse eleito. Mas foi.

Fez um discurso da vitória incomparavelmente mais conciliador do que a campanha. E se chegou a imaginar, eu mesmo, que acabaria caindo na real. Havia se tornado, afinal, o presidente dos EUA. E o chefe do Poder Executivo de uma democracia, grande ou pequena, comporta-se segundo um decoro.

Trump não tem nenhum. Caso se mantenha quatro anos no poder, o que duvido (a menos que passe a se comportar como um… primata), deixará como legado, se suas teses triunfarem, um mundo em guerra comercial com os EUA: os caubóis contra o resto do planeta.

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Tal guerra, por outro lado, conduzirá outras nações a prejuízos efetivos. Afinal, se o presidente dos EUA se tornar mesmo o protecionista que promete ser, os outros países também imporão salvaguardas.

Há mais: o papel que os EUA exercem vai além de sua liderança econômica. Há a questão geopolítica. Ainda que eivado de guerras, o mundo vive sob o signo da “pax americana”. A China, por enquanto, quer vender — desde que não ameacem seu domínios territoriais e áreas de influência. Não dispõe de condições técnicas de exercer algumas vigilâncias. E, se o fizesse, seria em nome de valores que não interessam ao mundo civilizado.

Essa liderança, hoje, está sob a condução de um celerado. Sei que parece esquisito dizer que um bilionário que se tornou presidente dos EUA é biruta. Mas ele é. Ser exímio em determinadas habilidades ou chegar tão longe na arte do convencimento não são sinônimos de sanidade mental.

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E me parece evidente é que Trump escancara a sua absoluta inaptidão para governar a nação mais importante do mundo ao assinar o ato que pode se transformar num muro a separar os EUA do México.

Mas ele quer mais: exige que um aliado de muitos anos arque com o custo da construção, o que o México rejeita. Ou então… Ou, então, ele ameaça confiscar parte — 20% — dos recursos das exportações daquele país aos EUA: nada menos de 20%!!!

Absurdo
Países amigos não se tratam desse modo. Esse é o mesmo Donald Trump que está disposto a condescender com a tortura (“só quando é necessário, claro!) e que quer voltar a criar prisões secretas mundo afora.

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Há uma frase famosa do então presidente mexicano Porfírio Díaz (1884-1911) sobre a relação dos EUA com o vizinho: “Pobre México! Tão longe de Deus, tão perto dos EUA”.

Nunca gostei dessa fala. Sempre me pareceu, assim, movida pelo fatalismo, pelo ressentimento, pelo complexo de inferioridade. Afinal, eis os americanos como os algozes…

Pois é… Trump vem nos lembrar, então, que fazer fronteira com os EUA (“estar perto”) pode mesmo ser algo muito perigoso. E que tal fatalidade geográfica pode passar a impressão de que se está longe de Deus…

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Dentro e fora dos EUA, esse espetáculo de arrogância, truculência e ignorância já começa a ter consequências. Ainda volto ao tema.

Pobres EUA! Tão perto de Deus, tão longe da realidade.

Quem vai trancar Trump no banheiro?

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