Tio Rei conversa com o Gafanhoto
— Tio Rei, um conservador é sempre contra o povo na rua? — Não, Gafanhoto! Isso revela uma noção boçal, cretina, do que seja conservadorismo. Um conservador não é a favor do congelamento e da eternização do statu quo. Um conservador, a exemplo de qualquer um que se diz “progressista”, também quer mudanças. — E […]
— Tio Rei, um conservador é sempre contra o povo na rua?
— Não, Gafanhoto! Isso revela uma noção boçal, cretina, do que seja conservadorismo. Um conservador não é a favor do congelamento e da eternização do statu quo. Um conservador, a exemplo de qualquer um que se diz “progressista”, também quer mudanças.
— E por que ele não é, então, um progressista?
— Seria, Gafanhoto, se as palavras fossem tomadas em seu sentido original. Mas progressismo e conservadorismo se distanciaram da etimologia e foram fazer praça na ideologia. Os que pretendem ignorar os fundamentos da democracia política; os que vivem permanentemente empenhados em ultrapassá-la pela esquerda; os que acreditam numa espécie de evolucionismo das ideias, de sorte que reivindicam para si mesmos a condição de mais aptos para liderar o mundo contemporâneo, estes definiram que seus adversários — que são os defensores da democracia liberal — são “conservadores”. Mas não os tomam como conservadores de um conjunto de valores que asseguram a igualdade perante a lei, os direitos individuais, a liberdade de pensamento e expressão… Nada disso! Seriam conservadores da velha ordem, das injustiças, das desigualdades.
— Então os conservadores não conservam?
— Conservam valores para mudar o mundo. Conservam o fundamento da igualdade perante a lei como garantia contra a tirania de indivíduos ou de grupos. Conservam o fundamento da liberdade de expressão e de opinião para que o debate nunca seja interditado. Conservam os fundamentos da democracia política para que ela nunca seja solapada por instrumentos que ela própria oferece.
— Então é conservando que se muda, Tio?
— É isso mesmo, Gafanhoto!
— Então não se deve aplaudir quando há gente sapateando no teto do Congresso, mesmo o Renan Calheiros estando abaixo dos “pés do povo”?
— Não, Gafanhoto! Não se deve aplaudir, não! Se estivéssemos numa tirania, isso seria direito natural à rebelião. Como estamos numa democracia, isso é flerte com a desordem e com a ditadura. Deve-se, nesse caso, chamar a Polícia.
— Mas e o Renan?
— Deve ser tirado de lá pela lei ou pelo voto.
— Então entendo, Tio, que nem os Renans nem as Dilmas são bons pretextos para a gente romper com a democracia.
— É isso mesmo, Gafanhoto! Até porque, a depender da feitiçaria que se faça, eles serão preservados numa eventual nova ordem. Mas num regime que será necessariamente menos livre e democrático.
— Como assim?
— Se a mudança do statu quo se dá ao arrepio dos fundamentos da democracia, a nova ordem será necessariamente menos democrática.
— Em que livro a gente aprende isso, Tio? É teoria política?
— Não, Gafanhoto! É lógica! Ou é aritmética. Não há processo revolucionário ou mudancista que conseguirá fazer com que dois mais dois deixem de ser quatro.

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