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Thor Batista e MV Bill: faces distintas, mas combinadas de um mesmo mal: o linchamento seletivo

Eu não tenho receio de tratar de coisa nenhuma. Aliás, quanto mais espinhosas, mais necessárias; quanto mais elas tocam em certos preconceitos influentes — especialmente aqueles ditados por certa “boa consciência” (que não passa de má consciência) —, mais urgentes. Vamos lá. O empresário Eike Batista não está entre aqueles que excitam a minha inteligência. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 09h17 - Publicado em 20 mar 2012, 22h20

Eu não tenho receio de tratar de coisa nenhuma. Aliás, quanto mais espinhosas, mais necessárias; quanto mais elas tocam em certos preconceitos influentes — especialmente aqueles ditados por certa “boa consciência” (que não passa de má consciência) —, mais urgentes.

Vamos lá. O empresário Eike Batista não está entre aqueles que excitam a minha inteligência. Reconheço-lhe talento, descortino, ousadia etc e tal, mas há certos valores associados à sua figura, de natureza quase estética, que me incomodam um tantinho. Gostaria, ademais, de vê-lo mais longe de governos. Mas é certo também que desperta rancores os mais variados porque ser bem-sucedido ainda é uma ofensa que muita gente não perdoa.

Muito bem! As mesmas razões que fazem MV Bill ser inocente, de saída, da acusação de ter espancado a irmã fazem de Thor Batista, filho do empresário, um culpado de saída pela morte de Wanderson Pereira dos Santos. No substrato dos dois “julgamentos” informais, há, infelizmente, rancor. Um saberia exercitar o rancor da virtude, com sua “arte de protesto”; o outro, ora vejam, seria o “playboy” ostentador. Nota: entendo que Wanderson andava de bicicleta, mas não era um “ciclista” — o “ciclismo”, nesses dias, virou uma adesão moral e intelectual a um estilo de vida. Parece que o rapaz usava a bicicleta como meio de transporte mesmo.

Pontos na carteira
Consta que a carteira de habilitação de Thor deveria ter sido suspensa, dados os pontos que acumulava em razão de um conjunto de infrações. Se assim for, a questão é relevante. Por que não tinha sido? Incompetência? Alguma forma de arranjo? Mas nem isso o torna, de saída, culpado pelo acidente em si.

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Assim como no caso de MV Bill, numa ocorrência de muito menos gravidade, não estou entrando no mérito dessa questão. Até onde li, não dá para saber se o filho do empresário é ou não culpado pelo acidente. O que sei com absoluta certeza é que a adesão a um conjunto de valores ideológicos não torna ninguém naturalmente inocente, assim como a marca do carro ou a conta bancária de quem atropela e mata não tornam o motorista naturalmente culpado.

Não me agradam essas correntes influentes na imprensa — e mais ainda nas redes sociais, que hoje viraram “fonte de informação” do jornalismo — que põem a ideologia a serviço da construção de heróis e bandidos. Por que tantos se apressaram em investigar o caso de Thor (e não estou dizendo que não devesse ser feito), mas ninguém se ocupou dos detalhes do episódio envolvendo MV Bill? Suponho que seja porque o “pobre consciente” (e Bill é , no máximo, um ex-pobre) será sempre inocente, ainda que culpado, é o “filhinho de papai bilionário” será sempre culpado, ainda que inocente. Endeusamento e linchamento não combinam com justiça.

Ora, ora… É claro que eu poderia não escrever este texto e fazer de conta que a questão não existe, até para evitar a baixaria dos mascates da reputação alheia.  Mas eu escrevo o que acho que devo escrever, não o que outros acham que eu deva.

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