Supremo e OAB acertam desta vez; liminar proíbe o doador secreto de campanha
A decisão desastrada da Ordem e do tribunal é outra: a proibição da doação de pessoas jurídicas
É preciso não misturar alhos com bugalhos, vamos lá, e até a OAB, esta que anda por aí, pode acertar às vezes. O STF deferiu por unanimidade pedido de liminar na Ação Direta de Inconstitucionalidade, movida pela Ordem, contra dispositivo da minirreforma eleitoral aprovada pelo Congresso que permite a doação oculta de campanha.
Notem: a decisão, desta feita, refere-se apenas à doação de pessoas físicas, uma vez que o próprio Supremo considerou inconstitucional a de pessoas jurídicas. O Parágrafo 12 do Artigo 28 da Lei Eleitoral, depois da reforma, permitia a doação “sem individualização dos doadores”. Ou por outra: o dinheiro poderia ser repassado ao partido — e, nesse caso, sempre se saberia a origem —, mas o partido transferiria os recursos aos candidatos, de sorte que, quando a gente entrasse no TSE para saber quem doou dinheiro para Fulano de tal, encontraria apenas a sua sigla.
É claro que se trata de uma aberração e de uma forma de burlar a transparência. Nesse caso, com efeito, a inconstitucionalidade me parece flagrante — e fez muito bem o Supremo em conceder uma liminar contra tal dispositivo, válida já para as eleições de 2016. Desta feita, acertam a OAB e o Supremo. O mérito ainda será analisado.
A escolha desastrada de ambos é outra. Como se sabe, a mesma OAB recorreu ao tribunal pedindo que fosse declarada a inconstitucionalidade das doações de empresas privadas, com o que concordou o tribunal, por 8 votos a 3. Isso, sim, a permanecer a decisão do Supremo — e caso o Senado não aprove emenda em sentido contrário que já passou pela Câmara —, empurrará as campanhas políticas para a clandestinidade.
Eu, que acho um escândalo que o Supremo tenha tomado a decisão de proibir as doações de pessoas jurídicas, avalio que o tribunal fez muito bem em conceder a liminar contra um mecanismo que só serve para mascarar a origem dos recursos que financiam as campanhas.
Não vejo nada de errado em que cidadãos e empresas financiem a democracia brasileira. Acho até que é uma espécie de dever cívico. Mas é preciso que todos saibamos quem doa quanto para quem.
MPF denuncia caminhoneiros que bloquearam principal rodovia do país para pedir golpe
Regina Duarte derruba audiência da Globo com reprise de ‘Rainha da Sucata’
O que diz a primeira pesquisa presidencial após a prisão de Bolsonaro
A reação de Damares à ordem para Bolsonaro cumprir a pena na sede da PF
Reação do governo Trump à prisão de Bolsonaro acende alerta no mercado







