Quando a idiotia se junta com a má-fé remunerada
Estou demorando para voltar porque estou aqui envolvido com algumas continhas. Você verão já, já. Mas interrompo para um breve comentário. Não é preciso ser apenas idiota. É preciso também ter má-fé muito bem remunerada. Alguns roncadores e fuçadores, disfarçados de jornalistas, estão dizendo que, no texto desta manhã, “convoquei” as multidões a sair às […]
Estou demorando para voltar porque estou aqui envolvido com algumas continhas. Você verão já, já. Mas interrompo para um breve comentário.
Não é preciso ser apenas idiota. É preciso também ter má-fé muito bem remunerada. Alguns roncadores e fuçadores, disfarçados de jornalistas, estão dizendo que, no texto desta manhã, “convoquei” as multidões a sair às ruas contra a decisão tomada por Celso de Mello.
Não ligo que discordem do que escrevo. Tampouco me importa que combatam as minhas teses. Mas é o fim da picada me atribuírem praticamente o oposto do que escrevi. No texto desta manhã, jogo mais luzes, as minhas, nas manifestações de junho do que propriamente no julgamento do STF, sobre o qual não escrevi nada de novo.
Fossem os protestos de há três meses um grito da cidadania, maduro e organizado, mais motivos haveria agora para que as ruas se inundassem de gente. Como sempre sustentei que não era nada disso; como jamais aplaudi aquelas manifestações, evidenciei, com o silêncio de agora das praças, o que considero o acerto da minha análise de então. Esses tontos sabem muito bem que não aplaudi aquelas jornadas nem mesmo quando a popularidade de Dilma despencou. O conteúdo não me agradava. Fui muito criticado por alguns leitores habituais desta página por isso.
Na quarta-feira, duas horas depois da decisão de Celso de Mello, participei de um seminário promovido pelo Conarec (Congresso Nacional das Relações Empresa Cliente), no Hotel Transamérica, em São Paulo. Estavam presentes Eduardo Giannetti, Bia Granja, Lobão e Demetrio Magnoli. A mediadora era a jornalista Christiane Pelajo, do Jornal da Globo. E todos eles sabem que nos foi dirigida a pergunta: “Vocês acreditam que haverá protestos de rua?”. E eu respondi com todas as três letras: “NÃO!”. E lembrei que, no Sete de Setembro, praticamente não se tocou no nome do deputado-presidiário Natan Donadon.
Eu sei que ficar usando texto meu rende trânsito. Há os que adoram me odiar, e não são poucos na rede os que gostam de, como direi?, obter benefícios com o instrumento alheio. Mas, como se brinca por aí, é preciso haver um mínimo de ética na sacanagem. Eu forneço, por minha conta, farto material para polêmica — tanto para pessoas honestas como para pessoas desonestas. Não é necessário me atribuir o que não escrevi.