A revista inglesa The Economist, antiga admiradora de Lula e de seu governo, volta à carga esta semana com mais um texto sobre o presidente do Brasil e o PT. Na edição passada, num editorial, esculhambou a política externa de Celso Amorim e perguntou: “De que lado está o Brasil?” Nesta edição, sustenta que o partido se transformou numa força empenhada apenas em manter Lula no poder. Escreve: “Quando o Partido dos Trabalhadores (PT) foi criado, em 1980, foi visto como uma organização política especial: socialista, ética, jovem, até romântica. Aos poucos, seu papel se reduziu a fazer com que Lula, ex-torneiro mecânico e líder sindical, fundador do partido e seu líder inconteste, chegasse ao poder e lá se mantivesse”.
Aí estaria a origem dos recentes problemas do partido, que culminam com a saída dos senadores Marina Silva e Flávio Arns, que acusa seus colegas de terem “jogado a moralidade no lixo”. A revista lembra, em seguida, que os problemas mais recentes do partido se devem ao fato de Lula ter usado a sua força para apoiar José Sarney, do PMDB, num esforço para manter a atual coalizão de poder e dar suporte à candidatura presidencial de Dilma Rousseff em 2010.
Dilma é caracterizada como uma “recruta relativamente nova” do PT, com uma capacidade “impressionante” (a Economist continua a se enganar em muita coisa…) de trabalho, mas, diz a revista, falta-lhe o carisma de Lula. A publicação lembra o episódio do falso doutorado de Dilma e a acusação que lhe faz Lina Vieira.
E continua: “Talvez, o pior para a candidatura de Dilma seja o fato de que Marina Silva — que tem muitas das qualidades que lhe faltam — está pronta para concorrer à Presidência da República pelo Partido Verdade. Marina também não é muito carismática, mas é uma das poucas pessoas do meio político cuja biografia pode rivalizar com a de Lula”. Em seguida, são exaltadas as características notáveis desta “filha da floresta”: aprendeu a ler quando já era uma adolescente, trabalhou como qualquer outra pessoa antes de se tornar uma estrela do ambientalismo mundial e é recebida com respeito em vários lugares.
É improvável que Marina seja a próxima presidente do Brasil, avalia a Economsit, mas ela pode tirar votos de Dilma. Antes, no entanto, terá de resolver problemas do próprio Partido Verde. Afinal, um de seus líderes é Zequinha Sarney, filho de Sarney. Imagino um estrangeiro ao ler tanta lambança: “Mas que gente estranha, não?” Pois é.
A Economist prossegue afirmando que os problemas de Lula e sua base política resultam positivos para Serra, que lidera, de modo consistente, as pesquisas eleitorais com algo em torno de 40% das intenções de voto, 20 pontos à frente de Dilma. Um consultor ouvido pela revista observa que Serra vai esperar para se declarar candidato tanto tempo quanto for possível para evitar ser alvo dos ataques que Dilma está atraindo agora. E encerra afirmando que não é fácil ser o líder e que a corrida eleitoral, que parece ter começado subitamente, está longe de terminar.
Íntegra do texto aqui.