No post anterior, desmonto uma tese — que só engana jornalistas, alguns ao menos — de um professor chamado Humberto Dantas. Ele torce os números para provar uma tese do PT. Nada além. Estudiosos da política deveriam é se dedicar a outro debate. Leiam este pequeno texto, publicado na VEJA.com, de Laryssa Borges:
“O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, não aceita ser contemplado com o Ministério das Micro e Pequenas Empresas na reforma ministerial, a ser conduzida pela presidente Dilma Rousseff. O PSD já tem forte ascendência sobre o Sebrae. Interlocutores de Kassab chegam ao ponto de afirmar que, se a oferta for apenas a deste ministério, o prefeito prefere continuar na presidência da sigla a se mudar para Brasília.
Como dez em cada dez ministeriáveis, Kassab sonha com a pasta das Cidades, alvo eterno de cobiça pelo orçamento bilionário. Aceitaria também outro ministério de forte peso orçamentário, como o dos Transportes.”
Não faz 48 horas que a vitória do PT foi proclamada em São Paulo. Fernando Haddad venceu a disputa demonizando — e de maneira injusta, já disse várias vezes — a gestão Kassab.
Kassab teria sido tão ruim, mas tão ruim!, que Dilma quer lhe dar um ministério — a ele ou ao partido, tanto faz. Só há um certo desacordo sobre qual…
Isso deve parecer parte do jogo aos nossos “cientistas políticos”. Deve ser a forma que tomou na cabeça deles o “presidencialismo de coalizão”. Aquele que foi o político mais espancado do Brasil — ninguém apanhou tanto quanto Kassab país afora — é tratado, desligadas as urnas, como um dos grandes vitoriosos.
Que espetáculo!
Serra arcou com o ônus, é evidente, de ser também o candidato da suposta continuidade. Petistas, os tais “cientistas sociais” e jornalistas pretendem jogar apenas no seu colo a derrota em São Paulo. Kassab não tem mais nada com isso. Agora ele já é um político “do lado de lá”.
Dantas teria uma chance gigantesca de demonstrar como tanto PT como Kassab enganaram os eleitores, não é mesmo? O PT os enganou fingindo que o prefeito fez uma gestão desastrosa, que se negou a colaborar com o governo federal, que recusou as parcerias na área da educação, que anda acompanhado de maus elementos — o candidato a vice de Serra, Alexandre Schneider, do PSD, foi tratado como bandido na campanha eleitoral petista. Pois bem… Parece que Kassab é ruim demais para ser prefeito dos paulistanos, mas bom o bastante para ser ministro de todos os brasileiros. Se isso acontecer, não descarto que Schneider integre a sua equipe — o mesmo que aparecia, de forma dolosa, com foto de “procurado” nas inserções televisivas. Mas não tenho razão para me preocupar mais com sua reputação do que ele próprio, certo?
Kassab, por óbvio, também enganou aqueles que eventualmente acreditaram no seu empenho em impedir a vitória do petismo em São Paulo. Que tipo de gente, a não ser certo tipo de político, toma tanta porrada num dia para se deixar afagar no dia seguinte? Como os afagos são reais, parece que as porradas eram parte de uma operação combinada.
Mas Dantas, o “cientista social’, não quer saber disso, não! Ele está interessado na renovação! Haddad vai administrar a cidade com o apoio, deixe-me ver, de Erundina, Paulo Maluf, Marta Suplicy e Gilberto Kassab. Vale dizer: considerando 24 anos de gestão, ele não poderá afrontar os interesses daqueles que estiveram no poder durante 22 anos e nove meses… A exceção, então, será mesmo o pouco mais de um da gestão Serra — que, na formulação do tal intelectual, é o velho!
Que conta é essa, Reinaldo? Simples! Erundina ficou quatro anos no poder; Maluf, oito (considerando Celso Pitta); Marta, quatro, e Kassab, seis anos e nove meses. Quis o destino que a “renovação” juntasse toda essa gente!
É isso aí! A maioria vai para um lado? Eu vou para outro. A maioria saúda a novidade? Eu demonstro o que há de mais do mesmo em Fernando Haddad. Ou o valente terá o apoio de toda essa gente porque conseguiu convencer esses parceiros de jornada com sua dialética?