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Reinaldo Azevedo

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Polícia chega, e milícia some da favela

Por Marcelo Auler e Pedro Dantas, no Estadão:A milícia formada por policiais militares e civis que dominava, desde julho de 2007, a Favela do Batan, no bairro de Realengo, na zona oeste da cidade, saiu de cena ontem. No lugar da vigilância ostensiva que ela fazia apavorando os 50 mil moradores, surgiram policiais militares fardados. […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 6 jun 2024, 01h54 - Publicado em 3 jun 2008, 07h21
Por Marcelo Auler e Pedro Dantas, no Estadão:
A milícia formada por policiais militares e civis que dominava, desde julho de 2007, a Favela do Batan, no bairro de Realengo, na zona oeste da cidade, saiu de cena ontem. No lugar da vigilância ostensiva que ela fazia apavorando os 50 mil moradores, surgiram policiais militares fardados. Uma caminhonete com três soldados permaneceu na entrada da comunidade e um carro policiava as ruas. Também circularam pela região uma camionete Blazer com oficial e soldados do serviço secreto do 14º Batalhão.
Mas a comunidade permanece assustada e evita comentários. Todos arranjam desculpas para demonstrar desconhecimento sobre as bárbaras torturas que uma repórter, um fotógrafo e um motorista do jornal O Dia, além de um morador que tomava cerveja com parte da equipe, sofreram em 14 de maio, quando os jornalistas foram descobertos pela milícia morando na favela.
Os profissionais do jornal estão em lugares seguros, fora da cidade. Receberam tratamento médico e acompanhamento psicológico. A família do motorista, residente na favela, foi retirada da comunidade pelo jornal e hoje reside em outro local. Mas não há informação sobre o morador para o qual, segundo o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, não houve pedido de proteção. Suspeita-se que ele possa estar morto.
No Largo do Chuveirão, onde o fotógrafo, o motorista e o morador foram presos pelos milicianos durante um churrasco na noite do dia 14, continua montado o palco usado para as festas no bairro. Nem quem mora ali fala sobre o que aconteceu. A casa de número 291 da Rua São Dagoberto, onde no sábado PMs recolheram armas, botijões de gás e material de clonagem dos sinais de TV a cabo, está vazia. Ali, segundo a polícia, era uma das sedes dos milicianos. Mas a casa mais usada por eles fica na Rua Pedro Nava: tem muros altos, piscina e ar-condicionado. Pertenceu a um comerciante já falecido. Foi ocupada por traficantes e tomada pela milícia.

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