Black Friday: Revista em casa a partir de 8,90/semana

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura
Continua após publicidade

Petrobras e a espionagem – Algumas questões relevantes nesse imbróglio. Ou: Não há mal que os americanos possam ter feito à empresa que brasileiros não tenham feito e não façam com sobras

Ai, ai… E continua a saga de Glenn Greenwald, o jornalista americano do Guardian que mora no Rio (não é correspondente do jornal aqui), que parece mesmo determinado a fazer o Brasil declarar guerra os EUA. Espero que Dilma se controle, né? De tudo o que o pilantra Edward Snowden vazou, Greenwald está pinçando e […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 05h26 - Publicado em 9 set 2013, 08h21
  • Seguir materia Seguindo materia
  • Ai, ai… E continua a saga de Glenn Greenwald, o jornalista americano do Guardian que mora no Rio (não é correspondente do jornal aqui), que parece mesmo determinado a fazer o Brasil declarar guerra os EUA. Espero que Dilma se controle, né? De tudo o que o pilantra Edward Snowden vazou, Greenwald está pinçando e selecionado eventos que digam respeito ao país. Na semana passada, veio a público a sugestão de que Dilma foi espionada, embora não exista a evidência de que a Agência Nacional de Segurança tenha tido acesso ao conteúdo de suas mensagens — o que se infere, revejam tudo o que foi publicado a respeito, é que haveria condições técnicas para tanto. Neste domingo, de novo no Fantástico, Greenwald revela que a Petrobras também teria sido espionada. Mais uma vez, não se tem a prova disso — ou, nas palavras de Sônia Bridi, coautora da reportagem: “Não há informações sobre a extensão da espionagem, e nem se ela conseguiu acessar o conteúdo guardado nos computadores da empresa. O que se sabe é que a Petrobras foi alvo da agência, mas não há pista nos documentos sobre que tipo de informações a NSA buscava.

    É chato ficar fazendo certas observações aqui, em vez de levantar, pôr a mão no peito e cantar o Virundum… Mas o fato é que, tanto no caso de Dilma como no da Petrobras, não fica claro se houve mesmo a invasão ou que tipo de informação foi buscada. A reportagem do Fantástico está aqui. Na ausência de dados sobre a espionagem propriamente, recheia-se a reportagem com os números superlativos da Petrobras e o quanto ela pode despertar a cobiça internacional. Sem dúvida! Também se especula sobre a possibilidade de empresas terem tido acesso a informações sobre o pré-sal e coisa e tal. Bem, considerando a escolha que o Brasil faz para a exploração do petróleo nessas áreas, podemos ficar tranquilos, certo? O regime é de partilha mesmo, e não há como a gente ser enganado pelos sagazes estrangeiros. Mas é certo que isso vai mexer com os brios nacionalistas.

    Antes que volte à Petrobras, uma questão relevante. Glenn Greenwald, neste domingo, em declaração ao Fantástico, resolveu relativizar um tantinho as considerações que vinha fazendo sobre o trabalho da agência americana. Até reconheceu que ela se ocupa também de combater o terrorismo. Ah, bom! Leiam a sua declaração. Comento na sequência:

    Sônia Bridi – Outros nomes de empresas e instituições da lista foram apagados para não comprometer operações que envolvam alvos ligados ao terrorismo.

    Greenwald: É uma questão de jornalismo responsável. Tem informação nesses documentos, alguma informação, que é sobre a espionagem mesmo contra o terrorismo, questões de segurança nacional, que não devem ser publicadas, porque ninguém tem dúvida que os Estados Unidos, como todos os outros países, têm direito de fazer espionagem para proteger a segurança nacional. Mas tem muito mais informações sobre espionagem contra inocentes, ou contra pessoas que não têm nada a ver com terrorismo ou questões industriais, que devem ser publicadas.

    Continua após a publicidade

    Retomo A um telespectador ou leitor distraído, três questões essenciais podem passar despercebidas, e elas relativizam a afirmação de Greenwald:

    1: Edward Snowden, o pilantra, certamente lhe passou uma ínfima parte de todos os documentos e de todas as operações de agência. Assim, o lote que ele tem em mãos não é uma amostra que lhe permita dizer se a maior parte das operações tem ou não vínculos com o terrorismo;

    2: ninguém sabe quais documentos Greenwald tem em mãos; logo, ele pode pinçar do conjunto o que bem entender. Como não pode revelar as operações que dizem respeito ao terrorismo (o que nem a agência pode fazer), sobra-lhe, então, o estardalhaço com as que não dizem;

    Continua após a publicidade

    3: mais importante: se Snowden lhe passou o que tinha e se Dilma e a Petrobras foram espionadas, por que as provas não aparecem nos documentos, que, afinal de contas, eram secretos?

    Mas como tratar com um mínimo de racionalidade e prudência um caso como esse? Certamente virão outros. Daqui a pouco, vai-se descobrir que até o Michel Temer foi espionado, interessados que estavam os americanos em saber o que ele pensa — um dos segredos mais bem guardados da República, não é mesmo? Não estou aqui posando de cético profissional, não, mas o fato é que essa história, até agora, tem muito calor e pouca luz. Esprema-se tudo, e o que sai é bem pouca coisa. Mas agora já temos uma “presidenta” para lutar contra Tio Sam em defesa das riquezas nacionais. Dados os resultados da gestão Dilma, é muito mais do que ela pediu a Deus.

    Agora a Petrobras Pois é… Convenham: não há mal que espiões malvados possam fazer à Petrobras que os petistas não tenham feito por sua conta. Se houve a ação indevida, que se exija a reparação, claro! Mas me parece certo que a agência de segurança dos EUA não nos roubou uma refinaria, por exemplo, como fez o boliviano Evo Morales. Agora Dilma está falando grosso com Washington, a Casa Branca, Obama (todo mundo fala, né?), mas, à época, o governo brasileiro falou fino com a Bolívia.

    Continua após a publicidade

    Não há mal que os espiões americanos possam fazer à Petrobras e a seus acionistas que a política de preços de combustíveis do governo Dilma já não faça cotidianamente, impondo pesados prejuízos à empresa, obrigada a comprar combustível mais caro e a vendê-lo mais barato no Brasil — depois de Lula ter sujado as mãos em óleo para declarar a nossa autossuficiência.

    Não há mal que os espiões americanos possam fazer à Petrobras que a direção da empresa, então sob o comando de Sérgio Grabrielli, não tenha feito por conta própria ao comprar, por exemplo, uma estrovenga em Pasadena, nos EUA, operação que impôs à empresa de economia mista um prejuízo de US$ 1,2 bilhão.

    Espírito cívico Lembro essas barbaridades para tentar diminuir a importância da denúncia? Não! Lembro essas barbaridades para indagar onde estava o espírito cívico, que certamente se exacerbará agora, quando a empresa estava sendo, deixem-me ver a palavra, molestada. Nesse particular, uma pena mesmo que espiões não nos tenham advertido a tempo, não é? É uma ironia, viu, petralhas?

    Continua após a publicidade

    Certamente há mais coisas que dizem respeito ao Brasil nos arquivos roubados por Snowden e repassados para Greenwald, o herói que está ajudando a demonstrar como os malvados do Norte estão de olho no nosso país. Vamos ver. No caso da Petrobras, infiro que nem a agência americana conseguiu saber o que se passa num estado chamado “Petrobras”. Sucessivos governos já fizeram esse esforço, e ninguém, até agora conseguiu. Duvido que os americanos tenham ido muito longe.

    As coisas estão realmente ficando como o diabo gosta. Dilma já tem dois pilares de campanha. Um são os médicos, escravos da ditadura cubana; o outro, a garantia de que vai nos proteger da democracia americana. Já posso respirar aliviado.

    Publicidade

    Publicidade

    Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

    Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

    Semana Black Friday

    A melhor notícia da Black Friday

    BLACK
    FRIDAY

    MELHOR
    OFERTA

    Digital Completo

    Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

    Apenas 5,99/mês*

    ou
    BLACK
    FRIDAY
    Impressa + Digital
    Impressa + Digital

    Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (a partir de R$ 8,90 por revista)

    a partir de 35,60/mês

    ou

    *Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
    *Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

    PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
    Fechar

    Não vá embora sem ler essa matéria!
    Assista um anúncio e leia grátis
    CLIQUE AQUI.