PARA GUARDAR: UM PETISTA SÓ É HONESTO CONSIGO MESMO QUANDO FAZ BESTEIRA
Texto recuperado pelo leitor: Ai, ai… Às 9h26, a Folha Online tinha este título na homepage: “Lula deve confirmar hoje veto a reajuste de 7,7% para aposentados”. Às 12h59, a página informava: “Lula concede reajuste de 7,7% a aposentados e veta fim do fator previdenciário”. No dia 24 de maio, num post intitulado “Lula entre […]
Texto recuperado pelo leitor:
Ai, ai…
Às 9h26, a Folha Online tinha este título na homepage: “Lula deve confirmar hoje veto a reajuste de 7,7% para aposentados”. Às 12h59, a página informava: “Lula concede reajuste de 7,7% a aposentados e veta fim do fator previdenciário”. No dia 24 de maio, num post intitulado “Lula entre o veto e o voto”, escrevi aqui: “É bem possível que [Lula] preserve um para vetar o outro de olho nas urnas.”
Bingo! Todo mundo sabe que converso pouco com políticos. Não tenho muita paciência. É claro que merecem ser ouvidos. Louvo os coleguinhas que se dedicam a tal tarefa, mas a minha principal fonte, aquela que faz a minha cabeça, é a lógica.
Lula estava num jogo político. Esperava uma forte reação da imprensa contra o reajuste, que seus próprios ministros consideraram irresponsável. Vieram uma crítica ou outra, mas nada substancial. Também apostava que o candidato da oposição, José Serra (PSDB), iria criticar o reajuste. A crítica não veio. Permanecia o suspense: “Não farei nada irresponsável por causa da eleição”, dizia ele. E alguns entendiam isso como veto.
Bem, funcionou a lógica – no caso, a lógica eleitoral. E isso lá é hora de comprar briga com aposentados, ainda que seja preciso ferrar as contas públicas??? Numa entrevista, o Babalorixá afirmou certa feita que não faria como o governo anterior, que teria deixado de tomar medias duras por causa da disputa eleitoral.
Provei aqui tratar-se de uma mentira de Lula. Entre o primeiro e o segundo turnos da eleição de 2002, o Banco Central elevou a taxa de juros – uma urgência ditada pelo “risco PT”. Era uma elevação que, na prática, fazia bem aos petistas na disputa. Mesmo assim, eles criticaram a medida.
Para mim, estava claro que Lula iria fazer o que fez: conceder na questão mais urgente, naquela que pega mais imediatamente no bolso, e resistir na outra, cuja percepção é menos imediata. E vejam como o mundo é curioso: ao ter sido irresponsável, Lula foi coerente – o PT sempre reivindicou à vontade, pouco se importando se as contas fecham ou não. Ao ter sido responsável, mantendo o fator previdenciário, Lula foi incoerente e rasgou uma de suas bandeiras. Ele foi um dos maiores críticos do fator previdenciário, que agora decide manter.
A decisão de Lula sobre os aposentados expõe o “Paradoxo do PT”: quando o partido faz a coisa errada, é honesto com a sua história; quando faz a coisa certa, é desonesto com ela. E isso nos conduz a um corolário e frase-síntese: UM PETISTA SÓ É HONESTO CONSIGO MESMO QUANDO FAZ BESTEIRA.