Relâmpago: Digital Completo a partir R$ 5,99
Imagem Blog

Reinaldo Azevedo

Por Blog Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Blog do jornalista Reinaldo Azevedo: política, governo, PT, imprensa e cultura

OS GAYS E OS “ESQUERDOS” HUMANOS

Por mais que as fadas Sininho e os lesos insistam em que o decreto bolchevique dos Direitos Humanos é quase cópia do programa de 2002, o fato é que isso é mentira. O que está escrito está escrito.  No outro não havia Comissão da Verdade, censura à imprensa, extinção da propriedade privada, perseguição religiosa, descriminação […]

Por Reinaldo Azevedo Atualizado em 31 jul 2020, 16h06 - Publicado em 13 jan 2010, 20h57

Por mais que as fadas Sininho e os lesos insistam em que o decreto bolchevique dos Direitos Humanos é quase cópia do programa de 2002, o fato é que isso é mentira. O que está escrito está escrito.  No outro não havia Comissão da Verdade, censura à imprensa, extinção da propriedade privada, perseguição religiosa, descriminação do aborto etc. Isso para ficar no trivial.

Mas, se querem saber, é num lance a que não se dá muito destaque que se revela a essência dessa gente. Refiro-me à questão dos homossexuais. O texto de 2002 já falava em apoiar a união civil, mas nada dizia sobre adoção de crianças, presente no texto de agora. Antes que reproduza trechos dos dois documentos, uma lembrança e uma consideração.

Já apanhei muito de alguns leitores porque apóio a união civil e não vejo mal nenhum na adoção — desde que os candidatos a pais ou mães sejam pessoas moral e financeiramente aptas (exigência que deve ser feita também aos heteros). Ora, como posso eu me opor a que duas pessoas façam um contrato que só diz respeito à sua vida privada? Quanto à adoção… Bem, dizer o quê? Lembrando jocosamente certa musiquinha, “homossexualidade não pega”. Ninguém escolhe ser homossexual. E também não creio que se possa escolher não ser. Conheço ao menos dois casos de hoje adultos criados em lares homossexuais: são pessoas absolutamente ajustadas, saudáveis, competentes em sua respectiva área de atuação e… heterossexuais. Fossem gays, não seria por causa da convivência. E certamente haverá infelizes em lares gays, como há nos heteros. Há ciência a respeito do assunto. “Então é tudo a mesma coisa?” Eis a questão: é claro que não é e jamais será. Antes que continue, leiamos agora trechos dos dois documentos no que respeita a esse particular:

OS GAYS NO PNDH II, DE 2002

114. Propor emenda à Constituição Federal para incluir a garantia do direito à livre orientação sexual e a proibição da discriminação por orientação sexual.

115. Apoiar a regulamentação da parceria civil registrada entre pessoas do mesmo sexo e a regulamentação da lei de redesignação de sexo e mudança de registro civil para transexuais.

Continua após a publicidade

116. Propor o aperfeiçoamento da legislação penal no que se refere à discriminação e à violência motivadas por orientação sexual.

117. Excluir o termo ‘pederastia’ do Código Penal Militar.

118. Incluir nos censos demográficos e pesquisas oficiais dados relativos à orientação sexual.

OS GAYS NO PNDH III, DE 2009

Continua após a publicidade

a)Desenvolver políticas afirmativas e de promoção de cultura de respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero, favorecendo a visibilidade e o reconhecimento social.

b)Apoiar projeto de lei que disponha sobre a união civil entre pessoas do mesmo sexo.

c)Promover ações voltadas à garantia do direito de adoção por casais homoafetivos.

d)Reconhecer e incluir nos sistemas de informação do serviço público todas as configurações familiares constituídas por lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, com base na desconstrução da heteronormatividade.

Continua após a publicidade

e)Desenvolver meios para garantir o uso do nome social de travestis e transexuais.

f)Acrescentar campo para informações sobre a identidade de gênero dos pacientes nos prontuários do sistema de saúde.

Voltei
Só uma analfabeto político não percebe a diferença de tom — que, no caso, faz toda a diferença. Ora, o que significa “desconstrução da heteronormatividade”? Nada além de proselitismo e de patrulha às avessas. A “normatividade” heterossexual não é dada pelo preconceito, pelo conservadorismo, pelo reacionarismo, sei lá que outra porcaria se possa alegar. Ela é dada pelo fato de que essa “normatividade” é que define a continuidade do jogo, a continuidade da vida humana. É dada, em última instância, como em qualquer outro campo — incluindo a biologia: pela freqüência. Os estudos variam sobre a porcentagem de homossexuais e heterossexuais entre os humanos, mas nunca li que a “norma” fosse inferior a 90%. Os até 10% que estariam fora dela, estou certo, a ela pertenceriam se pudessem optar. Mas não podem. E, é certo, nesse particular, eu e minha Igreja divergimos. Só que não pertenço a nenhum grupo ou hierarquia e apresento a minha divergência respeitosa — entendendo, no entanto, os motivos da instituição.  Eu jamais me diria um “Católico Pelo Direito de Defender o Casamento Gay”. Adiante.

A “desconstrução da heteronormatividade”, com a definição obrigatória de um “gênero” — além do masculino e feminino — é só delírio de minorias militantes, que, suponho, estão na contramão do que quer a maioria dos homossexuais. Homossexuais são homens que gostam de fazer sexo com homens e mulheres que gostam de fazer sexo com mulheres, não? Na maioria das vezes, sabem os estudiosos, eles se sentem o que são: homem e mulheres. Há, vejam que curioso, minorias extremas dentro dessa minoria maior que estão infelizes com o corpo que têm: homens que tentam assumir o aspecto de mulheres e também o contrário.

Continua após a publicidade

MAS ATENÇÃO: QUANDO SE TEM ALGO ASSIM, AINDA NÃO SERIA A HETERONORMATIVIDADE A DAR AS CARTAS? UM HOMEM QUE QUER SE PARECER COM UMA MULHER TEM UM PROBLEMA DE IDENTIDADE, É CERTO. MAS ELE CONTINUA A ESCOLHER A NORMA, SÓ QUE DE UM MODO MUITO PARTICULAR.

O que estou dizendo é que o que há de novo nesse programa, nesse particular (exceção feita à adoção), não tem como objeto de atenção os gays, mas os “gays militantes”, aquele Sque, autoritariamente, acreditam que só se é um homossexual de respeito quando se carrega uma bandeira da causa.

Campanhas pelo fim da “heteronormatividade” só levariam a que se criasse uma reação contrária da “norma”, e, em vez de integração, ter-se-ia apartheid sexual. A ser assim, a versão 4.0 do plano acabará propondo cotas para gays em universidades, serviços públicos etc. É UMA ESTUPIDEZ ACHAR QUE SE CONSEGUE ACABAR COM A “HETERONORMATIVIDADE” POR DECRETO. Assim como se acabaria, por decreto, com a liberdade de imprensa, a liberdade religiosa, o direito à propriedade. Se essa porcaria fosse levada adiante, seria em desserviço aos gays.

Ao contrário: se os gays querem a união civil e o direito de adoção, o primeiro passo é justamente a inserção no mundo da “heteronormatividade”, sabendo que há ali um desvio do padrão. Em vez de um bolsão com cultura própria, logo tendente a se tornar marginal, ter-se-ia a convivência entre os desiguais. Na natureza e nas sociedades, a sobrevivência depende da NORMA.

Continua após a publicidade

Assim, ao lado de ser obviamente autoritário, o texto é também UMA BOÇALIDADE.

PS – O UOL informava ontem ou hoje, já não lembro, que há dois gays e uma lésbica assumidos no Big Brother 10. Caso eles se fechem num gueto, estarão prestando um grande desserviço aos gays do outro lado da tela. Caso possam manter a sua identidade no mundo da “heteronormatividade”, estarão contribuindo, em dois ou três meses, para fazer contra o preconceito mais do que o programa de Vannuchi faria em 100 anos. Até porque, se as medidas ali propostas forem aprovadas, os gays serão certamente prejudicados. Convenham, né? A história de Vannuchi, Dilma, Franklin e companhia não os autoriza a proteger ninguém…

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*
Apenas 5,99/mês
DIA DAS MÃES

Revista em Casa + Digital Completo

Receba 4 revistas de Veja no mês, além de todos os benefícios do plano Digital Completo (cada revista sai por menos de R$ 9)
A partir de 35,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a R$ 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.