Nunca acreditei que o presidente dos EUA, Barack Obama, fosse fechar Guantánamo, como atesta a arquivo deste blog. Os que se entusiasmavam com a idéia não se davam conta da dificuldade legal. Alguns tontos acreditavam que eu escrevia aquelas coisas só porque, bem…, eu seria um “reacionário”, e eles, obviamente, progressistas. A ilusão é um direito, o que não quer dizer que não possa ser também burrice. Leiam o que está na Folha de hoje. Volto em seguida:
Chances de fechar Guantánamo são pequenas, diz Gates
Para o secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, as chances de fechar a prisão na base de Guantánamo, em Cuba, são “muito, muito pequenas” devido à ampla oposição dos parlamentares à proposta. O secretário disse que vê poucas esperanças de um avanço nesse sentido. O Congresso aprovou uma lei, promulgada pelo presidente Barack Obama no mês passado, que impede que suspeitos de terrorismo que estão detidos em Guantánamo sejam levados a julgamento nos EUA. Segundo a Casa Branca, Obama ainda pretende cumprir sua promessa de fechar a prisão. Guantánamo foi internacionalmente criticada pelo tratamento dado aos detentos.
Voltei
A culpa é do Congresso, é? Bem, Obama sabia que teria de governar com um, né? Até outro dia, tinha a maioria nas duas Casas. No dia 10 de novembro de 2008, este escriba mandou ver neste bloguinho o seguinte texto — vejam que “premonitório” eu fui, uma daquelas premonições sopradas pela simples lógica:
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Obama ainda nem assumiu, mas, como se vê, já está mudando o mundo: “Obama mudará 200 decretos de Bush; Obama levará presos de Guantánamo para os EUA; Obama vai dialogar com Ahmadinejad; Obama….”
Obama, pelo visto, fará tudo aquilo que Bush não fazia e que, diz-se, McCain não faria porque, vocês sabem, a América estava sob o domínio dos homens maus, do Lobo Mau. Agora virá o Chapeuzinho Vermelho “bronzeado”, como disse o tonto do Beslusconi, e tudo voltará a ser róseo na Casa Branca, a exemplo da era Clinton, não é?, enquanto a Al Qaeda preparava as suas ações; a Coréia do Norte, a sua bomba; o Afeganistão e o Paquistão, os seus radicais…
Qual será a resposta de Obama para os terroristas de Guantánamo? Levá-los para julgamento nos EUA significará, com raras exceções, dar-lhes a liberdade e as garantias de que gozam os cidadãos americanos. O novo presidente pode soltar na América os cachorros loucos? A legislação do país, pensada para tempos de paz, prevê garantias que não compreendem a prática do terrorismo. É confortável pensar que há pobres inocentes em Guantánamo. Poucos se dão conta de que a grande maioria foi feita prisioneira no campo de batalha, servindo a milícias dedicadas ao terrorismo.
Ou Obama cria tribunais especiais nos EUA para julgar esses caras – e não é uma operação fácil, trivial – ou vai premiá-los com a liberdade. Essa é mais uma notícia que está na esfera de uma das mudanças havidas na América: Barney, o cão ranheta [de Bush], cedeu seu lugar ao vira-lata “Press”, que está sempre abanando o rabo. Talvez “Press” considere que um tribunal de exceção em solo americano seja bem mais decente do que em Guantánamo.