O padre, Obama e a hóstia
Da AP. Volto em seguida:Um padre americano disse aos fiéis de sua igreja em Greenville, na Carolina do Sul, que eles não poderiam tomar a hóstia se tivessem votado em Barack Obama porque o presidente eleito dos Estados Unidos apóia o aborto. Para o sacerdote, votar nele foi “cooperação material com a maldade intrínseca”. Jay […]
Um padre americano disse aos fiéis de sua igreja em Greenville, na Carolina do Sul, que eles não poderiam tomar a hóstia se tivessem votado em Barack Obama porque o presidente eleito dos Estados Unidos apóia o . Para o sacerdote, votar nele foi “cooperação material com a maldade intrínseca”. Jay Scott Newman afirmou em um jornal distribuído na igreja católica de St. Mary no domingo que eles estariam colocando suas almas em risco se recebessem a comunhão antes de fazer penitência pelo voto.
“Nossa nação escolheu para seu Executivo o político mais radical pró-aborto que já serviu no Senado americano ou concorreu para presidente”, escreveu o padre, referindo-se a Obama por seu nome completo, incluindo o sobrenome Hussein. “Votar em um político pró-aborto quando existe uma alternativa pró-vida plausível constitui cooperação material com a maldade intrínseca”, continuou. “Pessoas nessas condições não devem receber comunhão até se reconciliarem com Deus no Sacramento da Penitência, ou então estariam comendo e bebendo de sua própria condenação.”
Obama venceu o republicano John McCain nas eleições de 4 de novembro, tornando-se o primeiro presidente negro dos EUA. Na Carolina do Sul, parte conservadora do país, a disputa foi vencida por McCain. Durante a campanha, muitos religiosos falaram contra o aborto mais abertamente do que no pleito anterior, dizendo aos políticos e eleitores católicos que a questão deveria ser a mais importante a ser considerada na formação política e na escolha de candidatos.
Alguns líderes da igreja disseram que os fiéis arriscaram suas almas ao votarem em candidatos que apóiam o direito ao aborto. Mas as lideranças diferem quanto a legisladores e eleitores católicos não receberem a comunhão se divergirem do ensinamento da igreja sobre o aborto. Cada dirigente aplica suas normas em cada diocese.
Em um encontro anual, bispos católicos americanos prometeram na quinta-feira confrontar a administração Obama por apoiar o aborto. De acordo com pesquisas de opinião, 54% dos católicos votaram no democrata, que é protestante. Na Carolina do Sul, 61% dos eleitores no condado de Greenville votaram em McCain, enquanto 37% optaram por Obama.
Comento
É um daqueles despachos que ganham o mundo e estão prontos para gerar escarcéu e espanto: “Vejam que absurdo! Olhem que gente reacionária e atrasada! Veja que padre antediluviano!!!” Pois é…
Representantes de outras religiões, em nome dos seus princípios, podem pedir o que for a seus fiéis, e ninguém soltará um pio. Afinal, vocês sabem, devemos ser tolerantes, claro. Menos com os católicos. Vejam esse padre aí: onde já se viu pedir aos católicos uma pequena penitência — um exame de consciência basta — por eventualmente terem votado num candidato pró-aborto? É uma recomendação ao povo americano? Não! Só aos católicos. E ainda daquela localidade.
Ademais, não custa lembrar, ninguém é obrigado a ser católico. Obama é mesmo favorável ao aborto e não se opõe nem mesmo ao chamado aborto com nascimento parcial, realizado no último trimestre da gravidez. Pesquisem pra saber o que é. Quem conseguir distinguir aquilo de homicídio ganha um prêmio de retórica por ser exímio nos sofismas. A questão teria sido debatida com mais vagar nos EUA se a imprensa já não tivesse feito a sua escolha, conforme vêm admitido agora os veículos de comunicação.
Reitero: ninguém é obrigado a ser católico. Às vezes, a penitência é mesmo uma necessidade. Ou que se escolha outra religião, não é?